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O drama dos refugiados que chegam à Itália vindos da Líbia

11 de maio de 2011

Milhares de líbios continuam a fugir da guerra civil no seu país, pondo a vida em perigo, em barcos que não foram construídos para navegar no mar alto. Só nas últimas semanas já morreram afogadas cerca de 1.000 pessoas

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Diariamente chegam à ilha italiana de Lampedusa refugiados vindos da costa da Líbia, em barcos superlotados.Foto: AP

O alto comissariado da ONU para os refugiados pediu ajuda urgente à União Europeia e à Nato. Desde Fevereiro passado já chegaram às costas italianas mais de 12.000 refugiados, vindos da Líbia. Na noite de terça para quarta-feira os mergulhadores da marinha italiana encontraram mais 3 corpos ao largo da ilha de Lampedusa. 3 pessoas que se encontravam a bordo dum barco que encalhou no domingo passado nos rochedos daquela ilha e depois se afogaram.

Lybien Choucha Flüchtlinge
No campo de refugiados de Choucha, na Líbia, milhares de pessoas esperam uma oportunidade para tentar vir para a Europa.Foto: Gaia Anderson

As Nações Unidas sentem-se sobrecarregadas

O alto comissariado das Nações Unidas para os refugiados não consegue socorrer sozinho tanta gente. A sua porta voz Sybella Wilkes, declarou por isso: “Pedimos a todos os navios, mercantes ou de guerra para se manterem alerta, porque nós sabemos que muitos barcos vêm super lotados com emigrantes e refugiados, que fogem da violência na Líbia”.

O alto comissariado criticou a aliança atlântica por não ajudar os refugiados. Recentemente naufragou um barco com 61 passageiros a bordo. Só 11 sobreviveram.

A Nato rejeitou energicamente tal acusação. Numa conferência de imprensa a sua porta voz, Carmen Romero, apresentou como prova, fotografias do naufrágio e da operação de socorro: “Os navios, que navegam sob comando da Nato, reagem sempre aos pedidos de socorro de outros navios. É o nosso dever, conforme as convenções marítimas internacionais. Afirmar que os nossos comandantes não respeitam estas regras é injusto e ofensivo”.

Muitos querem fugir da guerra e da violência

Calcula-se que na Líbia há quase um milhão de pessoas que querem tentar esta aventura suicida. Uns são líbios, outros são originários de diversos países africanos que trabalhavam até agora na Líbia, como emigrantes.

É uma odisseia dramática: “Dia e noite caíam as granadas. Os soldados matavam as mulheres e as crianças. E havia bombas por todo o lado – noite e dia”, relata um rapaz de Misrata, que teve sorte. Conseguiu aquilo com que muitos sonham. A sua família fugiu da cidade, apanhando o último barco para Bengazi, apesar do fogo de artilharia.

Mas a maioria não tem, diz Othman Belbeisi, da Organização Internacional para as Migrações (OIM): “Nesta operação de evacuação encontravam-se a bordo 827 emigrantes não líbios. Além disso algumas familias líbias e 36 feridos.”

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Na Líbia trabalhavam centenas de milhares de emigrantes vindos de países africanos. Muitos deles querem agora voltar à pátria.Foto: AP

Alguns emigrantes africanos querem regressar às suas terras

Os emigrantes acamparam durante semanas no cais do porto de Misrata, na esperança de poder apanhar um barco que os levasse para a Europa, e sempre com medo de morrer, como conta este natural do Níger: "Passou-se tanta coisa. Sofremos muito em Misrata, por causa da guerra. Sofremos muito”.

Outros emigrantes africanos, que trabalhavam na Líbia, esperam agora uma oportunidade para regressar à pátria, conta Jeremy Haslan, da OIM: “Alguns perderam tudo o que tinham ganho, abandonaram tudo, até os seus próprios documentos. Muitos sustentavam as suas famílias, com o que ganhavam. Isto vai ter agora consequências terríveis”.

Autor: Carlos Martins

Revisão: António Rocha

Libyen Rebellen in der Nähe von Brega Flash-Galerie
Perto de Brega, um rebelde líbio aproveita uma pausa nos combates para fazer a sua oração ritual.Foto: picture alliance/dpa