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O que a reeleição de Trump poderá significar para África?

Martina Schwikowski
2 de fevereiro de 2024

O possível regresso de Donald Trump à Casa Branca poderá trazer mudanças substanciais na relação dos EUA com África. Analistas africanos anteveem o regresso de políticas de migração mais rigorosas e menor cooperação.

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Vorwahlen USA 2024 - New Hampshire Donald Trump
Foto: Mike Segar/REUTERS

Em entrevista à DW, Etse Sikanku começa por relembrar que Donald Trump não visitou o continente africano uma única vez durante a sua presidência. Este analista ganês lembra também que, ao contrário de Joe Biden, Trump não é a favor da cooperação internacional com África.

"África deve estar preocupada com o possível regresso de Trump por causa da ideologia fundamental que está no centro da sua política. Estamos a falar de alguém que acredita no isolamento. Que olha mais para dentro. Não é alguém que se incline para o multilateralismo”, afirma.

Já o analista sul-africano Daniel Silke defende que o reforço dos laços diplomáticos dos Estados Unidos com África vai continuar nos próximos anos, independentemente do Presidente eleito. Segundo ele, o poder crescente de países como a China e a Rússia obriga a que, se for eleita, a administração Trump não se isole - apesar da sua retórica "America First".

Além disso, lembra, a Lei de Crescimento e Oportunidades em África, conhecida como acordo AGOA, ainda está em vigor e continua a ter peso.

Südafrika | African Growth and Opportunity Act | AGOA
O peso do AGOA poderia salvar as relações de um eventual consulado de Trump e África, segundo analistasFoto: SIPHIWE SIBEKO/REUTERS

Silke lembra que "o acordo AGOA continua a proporcionar enormes vantagens para os produtos que saem de África para o mercado norte-americano. Já do ponto de vista da segurança, os EUA continuam a ser um pilar essencial na luta contra as insurreições em muitos países africanos".

Recuos no campo das mudanças climáticas

Já no que toca às alterações climáticas, diz o analista norte-americano Charles Martin-Shields, a reeleição de Trump seria sinónimo de retrocesso. Pela primeira vez, recorda, um Presidente norte-americano está a assumir responsabilidades neste campo. Algo que uma nova administração Trump rejeitaria.

Charles Martin-Shields recorda que "a administração Biden é a primeira a assumir a responsabilidade pelo facto de os EUA e os países ricos terem emitido muito mais CO2 do que os países de África e das regiões equatoriais, que são muitas vezes países mais pobres, e serão os mais atingidos pelas alterações climáticas".

O mesmo analista lembra que, durante o seu primeiro mandato, Donald Trump desconsiderou repetidamente a importância das alterações climáticas, tendo mesmo retirado os EUA do Acordo Paris de 2015. Uma decisão que Joe Biden reverteu.

Donald Trump é considerado o principal candidato à nomeação pelos republicanos para as eleições presidenciais agendadas para novembro deste ano. O adversário pelos democratas deverá ser o atual Presidente, Joe Biden. 

Esforços dos EUA para manter o domínio na relação com África