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PAIGC e PRS voltam a tentar entendimento na Guiné-Bissau

Braima Darame (Bissau) / Lusa26 de agosto de 2016

Os dois principais partidos com assento no Parlamento da Guiné-Bissau realizaram esta sexta-feira (26.08), em Bissau, a primeira de duas reuniões para debater cenários para a "saída da crise" política no país.

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Foto: DW/F. Tchuma

As duas principais forças políticas guineenses pretendem estabelecer novas alianças para garantir a efetiva estabilidade governativa para os próximos dois anos. Em discussão nestes dois encontros está, entre outros pontos, a eventual criação de um novo Governo de Unidade Nacional e de incidência parlamentar.

O anfitrião da primeira reunião foi o Partido da Renovação Social (PRS), que recebeu na sua sede uma delegação do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Na próxima terça-feira (30.08), será a vez de o PAIGC receber, na sua sede, o PRS.

“Jomav” incentiva entendimento

Questionado sobre as negociações entre o PAIGC e o PRS, o Presidente da República, José Mário Vaz, disse que encoraja qualquer entendimento, embora ainda não esteja na posse de todos os elementos.

"Estou a chegar de uma viagem, mas todas as propostas são importantes, o importante é que haja o entendimento entre os guineenses, que haja diálogo entre nós todos na busca de uma solução para o bem do país e do nosso povo", observou o Presidente guineense.

Guinea-Bissau Jose Mario Vaz
José Mário Vaz, Presidente guineenseFoto: Getty Images/AFP/S. Kambou

O chefe de Estado falava aos jornalistas à chegada a Bissau, vindo do Congo Brazzaville, para onde viajou na quarta-feira (24.08) em visita oficial, não tendo, afinal, viajado para o Sudão, como tinha sido anunciado na sua partida. Fonte da presidência guineense indicou que José Mário Vaz deve viajar para o Sudão no domingo, para uma visita de trabalho.

Na Guiné-Bissau, o Presidente quer aproximar as partes e promover a paz e o desenvolvimento. Dirigindo-se ao povo guineense, que começa a dar sinais de desespero perante uma crise que já se prolonga há um ano, o chefe de Estado pede à população que “tenha fé” e acredite que “os dias melhores virão”.

“Vamos todos trabalhar para que haja dias melhores para a Guiné-Bissau. É bom que se diga que tudo está nas nossas mãos. Tudo depende de nós”, afirmou José Mário Vaz.

Parlamento continua bloqueado

O PAIGC venceu as últimas eleições legislativas na Guiné-Bissau, obtendo 57 mandatos no Parlamento, mas passa por uma crise interna, com 15 dos deputados a serem excluídos da sua bancada.

Cipriano Cassamá
Cipriano CassamáFoto: Braima Darame

A crise interna levou a que o partido esteja neste momento arredado do poder, tendo sido substituído pelo PRS, que conta com 41 mandatos no Parlamento, aos quais associou os 15 deputados expulsos do PAIGC, para reclamar uma nova maioria no hemiciclo.

No Parlamento, persistem as divergências que bloqueiam o órgão há um mês, colocando o Governo na ilegalidade por não conseguir apresentar, no prazo de 60 dias, o programa do Executivo, tal com estipulado pela Constituição do país.

Cipriano Cassamá, presidente do Parlamento, anunciou que já foram agendadas as próximas regiões dos órgãos internos da Assembleia Nacional Popular (ANP).

"Convoquei a mesa da Assembleia Nacional Popular para o dia 29, Conferência de líderes para o dia 30 e dia 31 será a vez da Comissão Permanente, para assumirem as suas responsabilidades sobre a marcação da sessão extraordinária para a apresentação do programa do governo", explicou Cassamá.

População reclama solução para a crise

Desde meados de agosto de 2015 que os guineenses vêem o país bloqueado. A população prevê uma situação explosiva e extremamente perigosa caso não se encontre com urgência uma solução para a crise na Guiné-Bissau., que atingiu todos os sectores da vida pública do país.

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Lucinda Cabral, de 39 anos, mãe de 7 filhos, é vendedora de peixe. Ouvida pela DW África, lamenta a subida dos preços no mercado nacional. "Hoje em dia uma caixa de peixe que custava 16 mil francos CFA, passa a ser vendida até 38 mil francos. Absurdo”, afirma.

“Estamos mal em todas as frentes, por isso, queremos que os políticos resolvem seus problemas, porque nós, o povo, é que está a pagar uma factura cara e estamos já cansados”, diz Lucinda Cabral.

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