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Polícia angolana trava protestos contra prisões de ativistas

Manuel Ribeiro / Madalena Sampaio / Lusa29 de julho de 2015

Dezenas de manifestantes saíram à rua em Luanda para exigir a libertação dos 15 ativistas detidos. Mas quando chegaram ao local do protesto encontraram um forte aparato policial e uma contra-manifestação da JMPLA.

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Manifestantes protestam nas proximidades do Largo da Independência em LuandaFoto: DW/P. Borralho

A polícia reagiu com violência à manifestação que teve lugar na tarde desta quarta-feira (29.07) na capital angolana. Algumas dezenas de manifestantes foram reprimidos por agentes quando entraram no Largo da Independência, onde já estava um forte aparato policial.

No local decorria desde manhã uma ação de apoio ao Governo organizada pela organização juvenil do partido no poder em Angola, a Juventude do MPLA (JMPLA), envolvendo cerca de 200 jovens. A aproximação entre os manifestantes e a JMPLA levou a polícia de intervenção a carregar sobre os manifestantes recorrendo a equipas cinotécnicas (militares e cães), avançou a agência Lusa.

"Uma vez que se criou uma contra-manifestação da JMPLA, protegida pela polícia, tivemos de criar uma alternativa para podermos entrar no largo em bloco", contou à DW África Pedro Malemba, um dos organizadores.

Em declarações aos jornalistas no local, o secretário provincial da JMPLA de Luanda, Tomás Bica Mumbundo, justificou que a ação foi realizada como forma de "repúdio" à "pseudomanifestação", alegando que o protesto contra as detenções de ativistas visava "promover a instabilidade política do país. Mumbundo comentou também a presença da eurodeputada portuguesa Ana Gomes em Luanda, a quem acusou de trazer "mensagens de instigação à violência, à insurreição e à confusão".

Relatos de detenções

Há denúncias de várias detenções, ainda não confirmadas oficialmente. Às primeiras horas do dia, a Rádio Despertar esteve cercada por polícias e dois repórteres foram detidos. Um deles, Gonçalves Vieira, foi, entretanto, libertado. Entretanto, relatos nas redes sociais dão conta da detenção de Daniel Portácio, jornalista da mesma emissora.

Antes mesmo de começar o protesto, Pedro Teca, um dos organizadores do protesto, dava conta das detenções de oito jovens ativistas numa mensagem deixada no seu Facebook. O jovem também acabaria por ser detido.

Manifestação legal?

A manifestação pacífica decorreu sob o lema "Chega de prisões arbitrárias e perseguições políticas em Angola". Os organizadores dizem ter cumprido os requisitos legais para a realização do protesto, nomeadamente a comunicação ao Governo da Província de Luanda. Pedro Malemba, um dos organizadores, disse à DW África que o protesto "era legal" e que "tinham autorização para a sua realização até às 19 horas".

Pouco antes do início da manifestação, o segundo comandante da Polícia Nacional de Angola, comissário-chefe Salvador Rodrigues, disse à agência de notícias Lusa desconhecer qualquer manifestação "autorizada" para Luanda hoje. "Todas as manifestações que forem autorizadas a polícia cumprirá com o seu papel, no sentido de proteger as pessoas que se manifestam”, afirmou.

Acções e solidariedade na Europa

Em Lisboa e Berlim também foi dia de concentrações de solidariedade com os ativistas angolanos detidos desde junho.

Pelo menos 150 pessoas juntaram-se no Largo de São Domingos, perto do Rossio, numa iniciativa organizada diversas organizações de direitos humanos e grupos de cidadãos. Entre os participantes estava o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que quis mostrar a sua solidariedade com os jovens detidos.

A concentração coincidiu com outra manifestação que decorreu em Berlim. O angolano Zé da Rocha, que organizou o protesto na capital alemã, disse à DW África que ficou "desiludido" com a "fraca adesão" dos seus conterrâneos. "Deviam estar aqui a demonstrar solidariedade, mas não estão. Estamos desapontados por não terem aparecido as pessoas que esperávamos. Este assunto é muito importante."

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