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Precisa-se mais transparência na gestão das receitas petrolíferas em STP

Ramusel Graça (São Tomé) 17 de novembro de 2014

O primeiro relatório sobre os 10 anos de atividades petrolíferas na zona entre Nigéria e São Tomé e Príncipe concluiu que não existe uma verdadeira transparência na gestão dos fundos resultantes das obrigações sociais.

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Costa de São Tomé e PríncipeFoto: DW/Ramusel Graca

É preciso fiscalizar o dinheiro do petróleo empregue em obras sociais – esta é uma das principais conclusões do relatório de auditoria da Iniciativa de Transparência na Indústria Extrativa, ITIE.

O documento analisa o valor que as empresas pagaram e que o Estado santomense recebeu na exploração do petróleo na Zona Económica Exclusiva (ZEE) e na fronteira marítima entre a Nigéria e São Tomé e Príncipe.

José Cardoso secretário nacional permanente da Iniciativa de Transparência na Indústria Extrativa em São Tomé e Príncipe exemplifica um caso que considera irregular: "Uma empresa diz que vai pagar 100 mil dólares para uma obra social e essa mesma empresa faz todo o processo de licitação. Em seguida, encontra uma empresa que vai construir a escola e a obra é adjudicada a essa empresa e o beneficiário apenas recebe."

Benefícios sociais irrelevantes

O secretário nacional permanente da ITIE defende, por outro lado, que o impacto do dinheiro investido pelas petrolíferas em obras sociais visando a melhoria das condições de vida da população é quase insignificante.

Segundo ele,"não existe um veradeiro impacto positivo." Cardoso revela algumas disparidades no processo: "Nós temos, por exemplo, algumas escolas que as empresas patrocinaram e que são boas, mas temos outras que não são e temos outras ainda que achamos que são sobre-faturadas"

No entanto, a sociedade civil defende a criação de uma comissão multidisciplinar na fiscalização do dinheiro que as empresas investem nas obras sociais.

Jose Cradozo, Staatssekretär EITI in Sao Tome und Principe
José Cardoso (dir.), secretário permanente da ITIE em São Tomé e PríncipeFoto: DW/Ramusel Graca

Um dos membros tem uma ideia para melhor supervisão: "Ter um organismo e talvez que houvesse uma presença do próprio tesouro público para acompanhar a execução disto tudo, destes projectos sociais todos."

Já outro vê ganhos que São Tomé e Príncipe pode ganhar com a transparência: "Quando nós formos confirmados como país cumpridor, isto vai ser bom para atrair mais investidores."

Gestão transparente, garante a ITIE

Os dez anos de negócio do petróleo na zona conjunta com a Nigéria renderam aos cofres do Estado santomense 83 milhões de dólares e na Zona Económica Exclusiva (ZEE) 9 milhões de dólares. O dinheiro em causa resulta do bónus de assinatura que as empresas pagam para adquirir direitos de exploração.

Zivilgesellschaft aus Sao Tome und Principe ACHTUNG SCHLECHTE QUALITÄT
Sociedade civil de São Tomé e Príncipe discutindo a transparência do setor petrolíferoFoto: DW/Ramusel Graca

O país ainda não produz petróleo, mas a ITIE assegura que a gestão dos fundos tem sido transparente: "Os diversos governos têm cumprido com o que diz a lei quadro das receitas petrolíferas."

São Tomé e Príncipe é candidato à Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva. A próxima avaliação independente terá lugar daqui em outubro de 2015.

Lyydia Kilpi é secretária permanente da Iniciativa de Transparência na Indústria Extractiva e diz que "este relatório é um passo muito importante, mas é só o primeiro passo. Um próximo passo é assegurar que toda a população tenha acesso a essa informação, conheça os pagamentos e as receitas e também ver que as recomendações feitas no relatório são cumpridas."

O relatório ainda terá de ser aprovado a nível regional pela organização, na primeira semana de dezembro. Só depois os santomenses saberão como foi utilizado o dinheiro do petróleo.

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