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Presidente do Zimbabué demite vice-presidente

Privilege Musvanhiri | Reuters | AP | cvt
7 de novembro de 2017

Robert Mugabe demitiu o seu vice-presidente e aliado de longa data, Emmerson Mnangagwa. Segundo especialistas, foi eliminado um obstáculo às ambições presidenciais de Grace Mugabe, esposa do atual Presidente.

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Emmerson Mnangagwa (esq.) era apontado como um dos possíveis sucessores do atual Presidente Robert Mugabe (dir.)Foto: Reuters/P. Bulawayo

Robert Mugabe não anunciou imediatamente quem será o próximo vice-presidente do Zimbabué, mas analistas acreditam que ele provavelmente nomeará a sua esposa Grace Mugabe para o cargo, em breve. 

Presidente do Zimbabué demite vice-presidente

Robert Mugabe demitiu Mnangagwa citando deslealdade e falha em cumprir as suas funções de maneira confiável, foi o que declarou em conferência de imprensa o ministro zimbabueano da Informação, Simmon Khaya-Moyo, acrescentando que a demissão tem efeito imediato.

Porém, a queda de Mnangagwa acontece pouco depois que seus seguidores supostamente vaiaram Grace Mugabe durante um comício do vice-presidente realizado no sábado passado em Bulawayo, segunda maior cidade do país.

Razões contraditórias

O Presidente e Grace Mugabe acusaram Mnangagwa de dividir o partido no poder, a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF). Também acusaram o vice-presidente deposto de conspirar para derrubar o líder de longa data do Zimbabué. Mugabe está no poder desde a independência, em 1980.

"Tornou-se evidente que a sua conduta no cumprimento de seus deveres tornou-se inconsistente com suas responsabilidades oficiais. O vice-presidente exibiu consistentemente e persistentemente traços de deslealidade, desrespeito, traição e falta de confiabilidade. Ele também demonstrou pouca probidade na execução de seus deveres ", declarou o ministro da Informação, Simmon Khaya-Moyo.

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Interesses da primeira-dama são cada vez mais nítidos para os zimbabueanosFoto: Getty Images/AFP/J. Njikizana

Nos últimos dias, Mugabe e a sua mulher tinham advertido em comícios da possível destituição do vice-presidente. No último fim de semana, Robert e Grace Mugabe insinuaram abertamente a demissão de Mnangagwa em comícios em Harare e Bulawayo, a segunda maior cidade do país. Mugabe, de 93 anos, anunciou que se candidatará às eleições de 2018, embora alguns altos cargos do seu partido se tenham postulado a substituí-lo no poder.

Grace Mugabe está agora a pressionar para que a constituição do partido seja alterada num congresso extraordinário previsto para dezembro com o objectivo de incluir uma cláusula que reserve o posto de vice-presidente para uma mulher. 

"Se ninguém quise tomar medidas disciplinares contra Mnangagwa, eu farei isso sozinha. Quem se vira contra a liderança escolhida, está acabado", avisou a primeira-dama.

População preocupada

Os zimbabueanos estão preocupados com a escalada de conflitos pela sucessão no partido no poder do Zimbabué.

"Há bênçãos e maldições. Maldições na medida em que o foco não está mais em questões económicas ou em estabilizar o que está a acontecer. As pessoas estão a sofrer. Todo o programa de dinastia que Mugabe tem, não queremos mais isso. Queremos alguma mudança", afirmou um zimbabueno.

Outro cidadão disse que esperava ver as pessoas no Governo mais unidas, assim como no partido no poder. "Quando a primeira-dama entrar no poder, como é o mais provável, devemos preparar-nos para mais caos. Não acho que isso seja bom para a nossa economia”, concluiu.

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Linda Masdarira (2a esquerda) durante debate da DW em abril de 2017, em Berlim.Foto: DW/D. Pelz

Mudança necessária

Críticos dizem que a fome de Grace Mugabe pelo poder e os gastos avultados são prejudiciais para o Zimbabué. Linda Masarira, ativista de direitos civis, teme o pior.

"O que acontecerá se ela assumir as rédeas do poder? Ela já nos mostrou que tem fome de poder e só quer acumular todas as riquezas que coneguir obter", sublinhou a ativista.

Emmerson Mnangagwa, de 75 anos, foi amplamente especulado como o possível sucessor de Robert Mugabe. Ele foi nomeado vice-presidente em dezembro de 2014, depois de a ex-vice-presidente, Joice Mujuru, ter sido demitida sob alegações de tentar derrubar o Presidente.

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