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Medo dos ataques violentos no norte de Moçambique

Nádia Issufo
15 de junho de 2018

Ataques no norte de Moçambique provocam deslocados internos. Amnistia Internacional alerta para crescente número de deslocados e lideranças das regiões visadas garantem que comunidades estão a regressar as aldeias.

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Mosambik, Macomia: Mucojo village had houses destroyed by armed groups
Macomia, grupos armados destroem casasFoto: Privat

Os ataques armados na província nortenha de Cabo Delgado estão a deixar a população amedrontada. Os residentes  já começaram a abandonar as suas aldeias à procura de lugares seguros.

Ouvido pela DW África sobre assistência aos deslocados internos, Adérito Matangala diretor do Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados (INAR) esclareceu que "este é um assunto que neste momento está exclusivamente entregue as FDS (Forças de Defesa e Segurança). [Os deslocados] são vulneráveis que se enquadram noutro tipo de ajuda humanitária. Nós lidamos com os direitos de asilo e refugiados ao abrigo das convenções de que o país é subscritor. O artigo 51 não fala deste tipo de situações, mas refere-se inclusivamente aos direitos de asilo e refugiados."

A DW África também contactou as FDS, Forças de Defesa e Segurança, para saber se estariam a dar apoio aos deslocados internos. Inácio Dina, porta-voz da Polícia da República de Moçambique, instituição que é parte das FDS, frisou que as ações da PRM (Polícia da República de Moçambique) visam principalmente repor a ordem e segurança. Mas Dina também passou a bola a terceiros, mas contou antes que têm dado um apoio muito específico.

Medo dos ataques violentos no norte de Moçambique

"Sobretudo o auxílio direto na reconstrução das habitações, e estas ações de auxílio e no reforço do patrulhamento está a permitir que a população ou os nativos retornem aos seus locais de habitação. E as lideranças locais, governamentais, também estão a apoiar bastante na mobilização das comunidades, com vista ao seu retorno." concluiu.

Poder local

No entanto, o administrador de Palma, distrito que tem sido um dos alvos preferidos dos atacantes armados, David Machimbuko, confirma o pronunciamento da PRM e garante que a situação dos deslocamentos não é alarmante tendo dito que "quando [os malfeitores] entram nas aldeias e atacam, fazem matanças ou queimam casas, as pessoas entram em pânico e fogem. Mas dois ou três dias depois retornam e ocupam de novo os locais e reorganizam-se e voltam a construir as habitações".

David Machimbuko
David Machimbuko, administrador de Palma em Cabo DelgadoFoto: DW/N. Issufo

David Machimbuko explica ainda que "na altura quando não havia FDS as pessoas ficavam com medo, principalmente no posto de Olumbi [as populações] iam para o posto sete, mas depois de termos garantido que as FDS estão aí, e agora [as populações] é que colaboram com as FDS, mostrando os caminhos, o que se passa nas proximidades. Temos poucas deslocações."

Violação dos direitos humanos

Ainda é difícil estimar quantos deslocados internos existem no contexto dos ataques que começaram em outubro de 2017. O ACNUR, Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, está a acompanhar os desenvolvimentos no norte de Moçambique e já manifestou a disponibilidade para prestar apoio em caso de necessidade. Entretanto, a Amnistia Internacional apelou às autoridades moçambicanas que tomem medidas para por fim aos ataques armados. E esta ONG de defesa dos direitos humanos alerta que a situação está a criar um número crescente de deslocados internos.