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Recenseamento de guineenses em Cabo Verde decorre a bom ritmo

Nélio dos Santos (Cidade da Praia)3 de janeiro de 2014

Enquanto na Guiné-Bissau o recenseamento para as eleições gerais se faz a conta-gotas, em Cabo Verde as autoridades dizem que a afluência dos guineenses supera as expectativas. Apesar de só haver um kit para o registo.

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Foto: Consulado-Geral da Guiné-Bissau em Cabo Verde

O recenseamento eleitoral dos guineenses em Cabo Verde começou no dia 28 de dezembro, com alguns dias de atraso. Neste momento, abrange apenas a Cidade da Praia, na ilha de Santiago (a maior do país).

Os guineenses residentes na ilha têm enchido o Consulado-Geral guineense na capital cabo-verdiana. Logo às primeiras horas do dia são distribuídas senhas. As filas serpenteiam dentro e fora do consulado. Os guineenses querem ajudar a mudar o rumo atual do seu país.

"Quero votar para o bem da Guiné-Bissau", disse um dos muitos guineenses que esteve nas filas para se recensear. "Nós os emigrantes ficamos envergonhados quando vemos certos sofrimentos na nossa terra, por isso queremos votar para mudar a Guiné", afirmou uma cidadã guineense a viver em Cabo Verde.

Filas a partir das cinco da manhã

Um dos responsáveis pelo processo de recenseamento eleitoral, Teodorino de Carvalho, está satisfeito com a afluência. "Demonstra naturalmente a vontade que os nossos compatriotas têm em participar na escolha dos futuros dirigentes do país", diz. "Para além disso, o número ultrapassou as nossas expectativas."

Todos os dias são recenseados, em média, 165 guineenses. Só não são recenseados mais porque Bissau enviou um único kit eletrónico para fazer o registo.

Segundo Teodorino de Carvalho, há guineenses que começam a fazer fila às cinco da manhã. Outros ficam sem almoçar até às oito da noite. Muitos deles faltam ao trabalho. "Aliás, temos até tido um certo problema", conta o responsável. "Alguns perguntam: 'podia-me dar uma chance porque eu vou trabalhar?'. Eu digo: "olha, se eu der chance a todos os que trabalham, todos têm de entrar, porque todos deixam os seus empregos para vir para aqui'."

Wählerregistrierung von Bürgern aus Guinea-Bissau in Kap Verde
Guineenses têm de esperar em filas dentro e fora do consulado em Cabo VerdeFoto: Consulado-Geral da Guiné-Bissau em Cabo Verde

O andamento do processo de recenseamento eleitoral também está a agradar ao Cônsul-Geral da Guiné-Bissau em Cabo Verde, Cândido Barbosa. "Mesmo estando fora, [os guineenses] estão a acompanhar a situação do país. Estão interessados em participar nesse ato eleitoral", afirma.

Devido a tanta demanda, não se sabe quando terminará o processo. O desejo é que dure, pelo menos, um mês.

Quantos guineenses vivem em Cabo Verde?

Nos últimos anos, o número de imigrantes guineenses tem aumentado exponencialmente em Cabo Verde. Não há dados exatos, mas estima-se que seja superior a 10 mil. As autoridades cabo-verdianas chegaram a apontar para um total de 18 mil guineenses a viver no país.

De acordo com o Cônsul-Geral guineense, o recenseamento eleitoral em curso serve também para se ter uma ideia do número de guineenses em Cabo Verde.
"Não sabemos o número exato de guineenses residentes em todo o território cabo-verdiano. Nem o serviço de estrangeiros o sabe, porque a maioria ainda não tem a situação regularizada", refere.

O primeiro-ministro deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril de 2012, Carlos Gomes Júnior, que desde novembro estabeleceu a sua residência na Cidade da Praia, foi um dos primeiros guineenses a recensear-se.

À prova de fraudes

Para já, não se sabe quando o processo será alargado a outras ilhas cabo-verdianas onde também há guineenses, pois só há um kit eletrónico para todo o país.

"Só quando terminar aqui na Praia é que se vai mudar para outros sítios", afirma Cândido Barbosa. "O meu objetivo é conseguir recensear o maior número possível de guineenses. Aqui ou no outro posto que eventualmente for montado. Estamos à espera de todos os guineenses."

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Entretanto, Francisco Mendes, o técnico do gabinete de apoio ao processo eleitoral da Guiné-Bissau, enviado para supervisionar o recenseamento, garante que não haverá fraudes.

"Os dados que estamos a recolher aqui estão armazenados no próprio computador. Quando terminar o processo de recenseamento, vamos tirar os dados armazenados no disco rígido. Os dados que vamos recolher aqui são os dados que vamos levar para Bissau", assegura. "Não haverá nenhuma forma de se poder dizer que houve fraude."

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