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Refugiados são bem-vindos, segundo Amnistia Internacional

Filipa Serra Gaspar / Muvunyi / Breitenbach19 de maio de 2016

A Amnistia Internacional divulgou esta quinta-feira (19.05) um Índice de Boas-Vindas a Refugiados. O estudo foi feito em 27 países, incluindo a Alemanha e a África do Sul. Foram inquiridas mais de 27 mil pessoas.

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Foto: DW/D. Breitenbach-Ulrich

Este é o primeiro estudo que avalia a predesposição das populações em acolher refugiados. No Índice de Boas-Vindas a Refugiados da Amnistia Internacional (AI) pode ler-se que 80% das pessoas que participaram no questionário iriam estar dispostas a receber os refugiados de braços abertos.

Neste índice, realizado pela consultora independente de estratégia GlobeScan, é revelada a disposição das pessoas a aceitar refugiados nos seus países, cidades, bairros, ou até mesmo casas, de modo "a existir uma proximidade gradual", explica Gauri van Gulik, vice-diretora da Amnistia Internacional na Europa.

Neste Índice, a China está à frente, com uma maior taxa de predisposição à receção de refugiados. A seguir encontra-se a Alemanha, onde 96% dos inquiridos disse estar disposto a receber refugiados no país e 1 em cada 10 afirmou estar mesmo disposto a receber refugiados na sua casa. Em terceiro lugar no Índice está o Reino Unido.

Infografik Refugees Welcome Barometer Portugiesisch Afrika (Sperrfrist!!)

Van Gulik explica que "nos debates da esfera pública, há uma clara suposição por parte do Governo e políticos de que somos anti-refugiados, mas este estudo veio claramente por essas suposições em causa".

A representante da AI na Europa acusa os governos na Europa e também a nível mundial de terem um certa "preguiça": "assumem que é popular querer-se bloquear os refugiados, sem no entanto se saber naquilo em que, de facto, as pessoas acreditam”.

Gana é o país mais acolhedor de África

Dos países africanos que constam no índice, o Gana é o país mais acolhedor, seguindo-se a África do Sul, a Nigéria e finalmente o Quénia.

Victor Nyamori, do Departamento de Refugiados da Amnistia Internacional em Nairobi, no Quénia, concorda com Gauri van Gulik e critica o recente comunicado do Governo do Quénia que anunciou que planeava fechar centros de refugiados, incluindo o de Dadab, o maior campo em todo o mundo, alegando assuntos económicos e de segurança.

Protest gegen rassistische Gewalt und Xenophobie in Südafrika
Foto: picture-alliance/dpa/K.Sutherland

"Temos de concordar que no Quénia e no resto de África muitos refugiados têm falta de comida, serviços básicos de saúde e não vivem em boas condições", reconhece Nyamori apontando a falta de financimanto de associações humanitárias e comunidade internacional como a causa deste problema.

Por outro lado, relativamente à segurança, o representante da AI em Nairobi assegura que apesar de terem ocorrido vários ataques no Quénia, "a larga maioria das pessoas associadas a estes ataques é queniana".

Desta forma, "usar a segurança como um motivo para não receber refugiados é imprudente”, ressalva.

Van Gulik da Amnistia Internacional na Europa critica que por vezes só se olhe para um lado da história, neste caso para o lado negativo: "A migração de refugiados não despoletou apenas reações negativas, e tenho assistido a mobilizações incríveis de voluntários. Porque será que apenas as reações negativas recebem o maior foco?".

"Há sempre um outro lado e é muito importante perceber o que é filtrado nos media e nos discursos políticos e depois perceber o que as pessoas dizem nestes inquéritos", garante Gulik afirmando que é sempre preciso falar sobre o lado positivo, que "é bastante grande, como podemos ver".

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Ao nível global, 1 em cada dez inquiridos diz estar disposto a receber refugiados na sua casa, e 3 em 10 no seu bairro.

De todos os países analisados, a Rússia foi o que se demonstrou menos aberta à receção de refugiados.

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