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Responsáveis do futebol africano lamentam partida de Blatter

António Rocha/Kossivi Tiassou/António Cascais3 de junho de 2015

O presidente demissionário da FIFA foi um homem que "fez muito para que o futebol africano e asiático se desenvolvessem", diz Joseph Owona, da FECAFOOT.

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Foto: Reuters/R. Sprich

A demissão do presidente da FIFA, Joseph Blatter, quatro dias depois do início do seu quinto mandato, apanhou vários responsáveis do futebol africano de surpresa.

Nos últimos anos, Blatter tornou-se bastante popular no continente, que conta com 54 federações de futebol. A generosidade da FIFA no financiamento de projetos de infra-estruturas beneficiou seguramente a imagem do suíço. Além disso, sem a ajuda de Blatter, talvez o Mundial 2010 nunca tivesse sido realizado na África do Sul, refere Joseph Owona, da Federação Camaronesa de Futebol (FECAFOOT).

"O grupo africano apoiou a recandidatura de Joseph Blatter porque foi um homem que fez muito para que o futebol africano, mas também o asiático, se desenvolvessem", afirma Owona. "Quer queiramos quer não, o envolvimento de Blatter no desenvolvimento do nosso futebol permitiu a realização do Mundial em África."

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Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e presidente da FIFA, Joseph Blatter durante cerimónia de abertura do Mundial 2010Foto: AP

Reações a demissão

Joseph Blatter anunciou a demissão esta terça-feira (02.06), seis dias depois de vários responsáveis da FIFA serem detidos num hotel em Zurique, por suspeitas de corrupção. Muitas vozes no continente lamentam a partida de um homem que muito trabalhou pelo futebol africano, em comparação com os seus antecessores, que pouco ou nada fizeram.

Mas Roger Milla compreende a decisão de Blatter. "Se ele tivesse escutado o que muitos lhe diziam, hoje não teríamos chegado a este ponto. É lamentável que ele tenha apresentado a demissão nestas condições", diz .

A lenda do futebol camaronês espera, agora, que o sucessor de Joseph Blatter mantenha o mesmo interesse pelo futebol africano e consiga reorganizar as diferentes federações do continente, nomeadamente a FECAFOOT: "Compete agora aos membros da organização encontrarem uma pessoa mais competente e que tenha a capacidade de ouvir todo o mundo, nomeadamente as federações africanas."

"Puxa-se o fio, vem o novelo"

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O presidente da comissão de auditoria da FIFA, Domenico Scala, disse esta terça-feira que, na sequência do escândalo de corrupção que atinge o mundo do organismo, ainda há muito trabalho a fazer "para reconquistar a confiança do público".

Em entrevista à DW África, Nando Jordão, vogal do conselho técnico desportivo da Federação Angolana de Futebol, não se mostra muito confiante. Onde abunda o dinheiro e o poder proliferam, geralmente, casos de corrupção, afirma o responsável.

"Este tipo de corrupção não deve ser estranho para ninguém que anda no futebol. Nem para o [presidente da UEFA, Michel] Platini, que parece estar muito espantado. Nessas instituições, assim que se apanha o fio vem logo o novelo todo", diz Jordão. "Alguém terá de limpar a instituição e terá de haver, portanto, uma unanimidade total, provavelmente como fazem os revolucionários, tem de sair tudo e entrar gente nova. [Mas] daqui a 20 ou 30 anos teremos outra FIFA corrompida, porque passa pela FIFA dinheiro a mais."