1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Sem surpresas, Idriss Deby é reeleito no Chade

10 de maio de 2011

Presidente cessante recebeu 88,66% dos votos na primeira volta da eleição, realizada em abril e boicotada pela oposição. Participação foi de 64%, diz Comissão eleitoral; oposição contou 20% dos eleitores nas urnas.

https://p.dw.com/p/RN4Z
Deby disputava o quarto mandato desde 1990, quando chegou ao poder por golpe de Estado
Deby disputava o quarto mandato desde 1990, quando chegou ao poder por golpe de EstadoFoto: AP

Os resultados provisórios divulgados esta semana mostram que o presidente do Chade, Idriss Deby, teve grande vantagem sobre os concorrentes. Deby concorreu ao quarto mandato de cinco anos desde 1990, quando chegou ao poder no país da África Central. Albert Padacké, ministro dos Correios, obteve 6,03% dos sufrágios; o opositor Nadji Madou ficou com 5,32%, num escrutínio cujo índice de participação era o principal desafio na medida em que foi boicotado pelos três principais opositores.

A oposição destacou que a participação no escrutínio foi inferior a 20%, e não de 64%, como afirmam as autoridades. Por isso, alguns candidatos, como Nadji Madou, contestam os resultados da eleição de 25/4: “Não tenho nada a ver com esses resultados”, disse Madou. “Espero que a Comissão Nacional de Eleições tenha a coragem de me dizer que perdi a eleição. Não reconheço os resultados”, afirmou.

O poder ainda não comentou a reeleição do presidente chadiano e anunciou que só falará ao país depois de o Conselho Constitucional validar oficialmente os resultados do escrutínio.

“Mascarada”

O partido que apoiou Deby, o Movimento Patriótico de Salvação (MPS), considera que a realização da eleição decorreu dentro das regras democráticas. Porém, o principal opositor que esteve na corrida presidencial, Saleh Kebzabo, da União Nacional para a Democracia e Renovação (UNDR) e que apelara ao boicote, disse que o pleito eleitoral foi “mascarada” porque a maioria dos chadianos não votou.

Um eleitor ouvido pelo correspondente da Deutsche Welle na capital do Chade, N’Djamena, usou a mesma terminologia para descrever a eleição presidencial: “É uma surpresa porque a eleição foi ‘mascarada’. O índice de participação foi muito fraco e não corresponde ao que foi publicado. Por outro lado, a vitória de Deby com 88% é no mínimo preocupante”, alertou o homem, que não se identificou.

“O presidente cessante tinha todos os meios à sua disposição para comprar a consciência das pessoas”, atacou outro eleitor. Assim, Idriss Deby teria contado com “um número razoável de pessoas no seu campo para poder realizar esta eleição. Se hoje alguns políticos contestam estes resultados é para distrair o povo”, disse este outro anônimo.

Escrutínio marca democratização do Chade

Analistas sublinham que a eleição presidencial no Chade deverá marcar o ponto alto de um processo de democratização do regime iniciado com o acordo de agosto de 2007, assinado entre a maioria dos partidos da oposição e o poder. Mas o acordo assinado um ano após o boicote da eleição presidencial de 2006 deu finalmente lugar a um novo apelo à abstenção pelos principais opositores – três meses após as eleições legislativas de fevereiro, largamente dominadas pelo MPS de Idriss Deby.

Candidatos em 1996 e 2001, os três principais opositores, Kebzabo, Kamougé e Yorongar, denunciaram na altura o que consideraram ser uma “hipocrisia eleitoral”. Afirmaram que as legislativas tinham sido marcadas por inúmeras fraudes e irregularidades, antes de suspenderem as respectivas participações na eleição presidencial.

Autor: António Rocha

Revisão: Renate Krieger

Deby com o presidente líbio Mouammar Kadhafi, durante celebrações dos 50 anos da independência do Chade (11/1)
Deby com o presidente líbio Mouammar Kadhafi, durante celebrações dos 50 anos da independência do Chade (11/1)Foto: picture alliance/dpa