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"Senhores presidentes, acabem com a guerra em Moçambique"

Bernardo Jequete (Chimoio)10 de junho de 2016

Milhares de crianças deixaram de ir à escola devido aos confrontos no centro de Moçambique. Alunos da província de Manica apelam à paz para se poder desenvolver o país.

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Alunos na província de Manica (foto de arquivo)Foto: DW/B. Jequete

18 mil alunos de escolas primárias da província de Manica deixaram de ir às aulas devido aos confrontos entre as forças governamentais e combatentes do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Quarenta estabelecimentos foram completamente encerrados, segundo as autoridades de educação.

Uma criança faz um apelo: "Gostaria que o senhor presidente do partido RENAMO, Afonso Dhlakama, tivesse um acordo com o Presidente da República de Moçambique para a guerra acabar e a paz continuar."

"Com a paz podemos desenvolver o nosso país. Com a guerra vamos acabar por estragar tudo".

No distrito de Báruè, há alunos que não vão à escola desde fevereiro. Em Manica e Mossorize, não há aulas desde maio em algumas escolas. Os professores estão em casa, receando novos ataques.

"Não podemos andar ao caminho nem sair de casa", afirmou outra criança ouvida pela DW África. "Precisamos da paz, porque sem paz não vamos viver."

Unruhen in Mosambik
Confrontos no centro de Moçambique prolongam-se há mesesFoto: Getty Images/Afp/Ferhat Momade

Novos ataques

Mas a paz tarda em chegar. Representantes do Governo moçambicano e da RENAMO planeiam um encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e Afonso Dhlakama - em discussão estarão temas como a exigência da RENAMO em governar em seis províncias e a "cessação das ações armadas", foi anunciado esta quinta-feira (09.06). Continua, no entanto, a haver relatos de ataques no centro do país.

Na quarta-feira à tarde, uma pessoa morreu e cinco camiões foram incendiados em dois ataques por homens armados na estrada N7, a norte da província de Manica.

"Mandaram-nos parar e, à nossa frente, já tinham colocado um tronco na estrada", contou um automobilista sem avançar o seu nome. "Apontaram-nos uma arma à cabeça e levaram os nossos telefones antes de nos obrigarem a entrar no mato. Ali, disseram-nos que aquele era apenas um pré-aviso - porque se fala de conversações mas não resulta nada - e da próxima será mais do que isso."

A polícia atribuiu o ataque a homens armados do maior partido da oposição. "Diligências estão em curso para capturar os homens da RENAMO e levá-los à barra do tribunal", explicou Elsidia Filipe, porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Manica.

Filipe acrescentou que homens das Forças de Defesa e Segurança estão no terreno e a estrada está novamente transitável.

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Não foi possível obter uma reação da RENAMO sobre os ataques até à publicação deste artigo.