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Sudão do Sul mergulhado numa crise humanitária

James Shimanyula / António Rocha8 de janeiro de 2014

ONGs internacionais atribuem o agravamento da situação humanitária no Sudão do Sul à continuação dos confrontos armados. Mais de 31.500 pessoas já foram forçadas a procurar abrigo nos campos de refugiados da ONU.

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Refugiados à espera de água num acampamento de Juba, capital do Sudão do SulFoto: Reuters

O agravamento da situação no país mais jovem do mundo acontece numa altura em que prosseguem as conversações em Addis-Abeba entre os beligerantes visando um cessar-fogo.

Representantes do Governo de Juba e uma delegação de apoiantes do ex-vice-presidente Riek Machar estão reunidos pelo terceiro dia consecutivo na capital etíope e até agora não conseguiram chegar a acordo para pôr cobro aos violentos confrontos que semeiam o caos e sofrimento no Sudão do Sul.

Representantes de Riek Machar afirmam que a situação está agora mais complicada devido a um número indeterminado de militares ugandeses que está a combater ao lado do exército do Sudão do Sul.

Este quer a todo o custo reassumir o controlo de três regiões estratégicas atualmente nas mãos dos rebeldes: Jonglei, Alto-Nilo e Unidade, no rio Nilo.

Os violentos confrontos têm reflexos negativos no seio da população civil que enfrenta atualmente uma dramática situação humanitária, explica Toby Lanzer, coordenador da ajuda humanitária da ONU no Sudão do Sul.

"Atualmente estamos confrontados com uma das piores crises humanitárias emergentes, num país como o Sudão do Sul que já enfrentava grandes problemas".

Apelos de ajuda

Toby Lanzer
Toby Lanzer, coordenador da ajuda humanitária da ONU no Sudão do SulFoto: UN Photo/Martine Perret

Toby Lanzer já deu o primeiro passo para conseguir ajuda: "Já telefonei para os países doadores, para certificar que estão a desenvolver todos os esforços para assegurar que as organizações não governamentais e agências da ONU têm medicamentos, àgua, equipamento para saneamento, cobertores, abrigos e tendas, bem como alimentos para poder garantir as necessidades urgentes mais básicas para salvarmos vidas."

O coordenador da ajuda humanitária também deixa claro que o caminho que o Sudão do Sul segue não é o melhor: "A situação está a evoluir de forma negativa muito rapidamente. Já não são dezenas de milhares de pessoas, mas centenas de milhares de pessoas".

O Alto Comissariado da ONU para os refugiados (ACNUR), que está a trabalhar em conjunto com outras organizações humanitárias, também está preocupado com o grande desafio no que concerne ao fornecimento de abrigos e segurança para os deslocados desta violenta guerra.

Melisa Fleming, porta-voz da agência da ONU, indica que a situação no interior do país continua "muito instável".

"O ACNUR está atualmente a intensificar esforços com vista obter mais apoios para ajudar as pessoas com abrigos, panelas para cozer os alimentos e outros equipamentos. Ao mesmo tempo existem 250 mil refugiados no norte do país que o ACNUR está também a apoiar", relata.

Enquanto isso, as conversações de paz entre representantes do Governo do presidente Salva Kiir e da rebelião fiel a Riek Machar prosseguem na capital etíope, Adis-Abeba, mas sem resultados palpáveis.

Uma terceira força nos confrontos

Gespräche über Waffenruhe in Südsudan Verhandlungen in Addis Abeba Taban Deng Gai
Taban Deng Gai, um dos representantes dos rebeldes nas negociações de paz de Addis-AbebaFoto: Getachew Tedla

O impasse poderá ser longo, porque um dos representantes de Machar declarou aos jornalistas que o Uganda está a bombardear as posições ocupadas pela rebelião.

Tabang Geng Ghai, participa nas conversações em Addis-Abeba, e sobre este facto diz: "Estamos preocupados que um país membro do IGAD, o Uganda, tenha decidido invadir o Sudão do Sul. Este é um assunto importante que temos entre mãos porque queremos a paz".

Este reprsentante dos rebeldes critica a participação ugandesa: "Acreditamos que o envolvimento do Uganda nesse conflito no meu país só vem complicar a instauração da paz. Se realmente são nossos irmãos, apelamos aos irmãos ugandeses para desistirem e retirarem-se porque a sua presença não vai ajudar-nos neste processo".

O Uganda reconheceu que as suas tropas estão no Sudão do Sul para controlar com segurança a retirada de civis ugandeses que se encontram na região Sul do país e negou veementemente qualquer ajuda prestada às forças armadas do Sudão do Sul na luta contra a rebelião.

No entanto, o chefe da delegação governamental de Juba nas negociações, Michael Makwei está otimista em relação aos resultados das negociações em curso: "Viemos para negociar a paz e vamos voltar para o nosso povo com a paz. A partir de agora, espero que estejamos em posição de interromper a fuga das pessoas bem como todas as atrocidades que estão a acontecer no Sudão do Sul".

O Sudão do Sul vive a atual crise político-militar desde 15 de dezembro depois do presidente Salva Kiir ter acusado Riek Machar de uma alegada tentativa de golpe de Estado.

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