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Sudão do Sul: Machar declara resistência ao Governo de Kiir

James Shimanyula | Thiago Melo
26 de setembro de 2016

Antigo vice-presidente acusa o Presidente sul-sudanês de estimular a violência entre os grupos étnicos do país. Depois de declarações de ambos os líderes, tensão volta a tomar conta da região.

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Riek MacharFoto: Getty Images/AFP/S. Bol

O antigo vice-presidente do Sudão do Sul Riek Machar, exilado no Sudão, afirmou nesta segunda-feira (26.09) que o Presidente sul-sudanês Salva Kiir quer transformar o país num "Estado étnico” para a tribo Dinka, da qual o chefe de Estado faz parte.

A declaração de Machar, divulgada pela agência de notícias Associated Press, vai além e acusa o Governo de Kiir de incitar a violência entre os grupos étnicos do país.

Neste fim de semana, Riek Machar declarou oficialmente guerra contra o Governo do Presidente sul-sudanês. Em comunicado emitido diretamente da capital sudanesa Cartum, Machar pede que a comunidade internacional classifique o Governo do Presidente Salva Kiir como um Regime Pária.

O porta-voz de Riek Machar, James Gadet Dak, em entrevista à DW por telefone diretamente da capital do Sudão, Cartum, reafirmou que a declaração de Machar é contra as tropas do Presidente Kiir.

"Isto chama-se resistência. Salva Kiir declarou guerra contra nós, então nós estamos para a resistência. Nós decidiremos se vamos entrar ou não em Juba, mas por enquanto estamos na defensiva”

Südsudan Salva Kiir Mayardit
Presidente do Sudão do Sul Salva KiirFoto: Getty Images/AFP/M. Sharma

Presidente se diz pronto para o confronto

Em resposta à declaração de Riek Machar, o Presidente do Sudão do Sul disse que está preparado para a guerra.

"Ele deve vir com o que ele tiver para a batalha, pois nós também iremos com o que tivermos. Haverá paz, da qual eu penso que o doutor Machar e outros não fazem parte. Ninguém vai invadir Juba”, disse o Kiir.

Salva Kiir diz que não está preparado para abandonar o poder. Se ele o fizer, acrescenta Presidente, estaria abrindo caminho para um genocídio como os assassinatos em massa que ocorreram no Ruanda há 20 anos.

"Se eu deixo esta pasta hoje, todos falarão de genocídio no Sudão do Sul”, ressaltou, referindo-se ao genocídio da tribo Dinka contra a tribo Nuer, da qual Riek Machar pertence.

Tensão volta a dominar a região

Com as trocas de ameças, a tensão militar voltou a se espalhar no Sudão do Sul. O país mais novo do continente africano ainda se recupera dos anos de batalha entre o Presidente Salva Kiir e o seu principal oponente político e militar Riek Machar. A batalha pelo poder tirou a vida de mais de 300 pessoas.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estima que um milhão de sul-sudaneses fugiram do país e buscaram refúgio nos Estados vizinhos.

Südsudan UN denken über Verstärkung von Unmiss nach
Organziação das Nações Unidas (ONU) enviou mais 4 mil tropas para a manutanção da paz no paísFoto: Reuters/A. Ohanesian

O Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou o envio de 4 mil tropas para o Sudão do Sul, com objetivo de proteger os civis, mas este exército ainda está para chegar. Com este novo contingente a caminho, o país contará no total com 17 mil tropas da Organização das Nações Unidas (ONU) para a manutenção da paz.

Enquanto a população sul-sudanesa aguarda pelas forças de segurança das Nações Unidas, o antigo vice-presidente Riek Machar rompeu o silêncio de cinco semanas ao declarar guerra ao Governo do Presidente Salva Kiir em Juba.

População quer paz

Com o aumento do discurso da violência, especialistas acreditam que a probabilidade de uma guerra acontecer é grande. Isto é o que muitos sudaneses não querem que aconteça.

"Tudo o que eu tenho a dizer aos nossos líderes e aos meus concidadãos é que eu desejo ver o amor superar o ódio no Sudão do Sul”, afirmou uma cidadã.

Outro sudanês fez um apelo para a paz, que seria fundamental, na visão dele, para o desenvolvimento do país: "Nós precisamos viver em paz. Vamos equecer o passado. Precisamos seguir em frente, pacificamente, vivendo como irmãos e irmãs. Precisamos de paz para que os nosso país se desenvolva”.

26.09.2016 Sudão do Sul - MP3-Mono

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