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Swazis esperam poucas mudanças com eleições parlamentares

Julia Hahn / Maria João Pinto 19 de setembro de 2013

A Suazilândia elege um novo Parlamento na sexta-feira (20.09.) - mas as esperanças de mudança política são baixas. Há injustiças sociais, a recessão económica e as extravagâncias do monarca levaram o país a uma crise.

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Rei Mswati III da SuazilândiaFoto: picture-alliance/dpa

Milhares de mulheres, de seios nus, com saias curtas e muitas jóias nas cores nacionais - azul, amarelo e vermelho - cantam e dançam para o seu Rei. As danças são uma tradição da Suazilândia. Os vídeos estão disponíveis no Youtube, porque o folclore há muito que se tornou uma atração turística.

No fim-de-semana passado, o último antes das eleições, o rei Mswati III decidiu expandir o seu harém, escolhendo uma rapariga com 18 anos, que acaba de terminar a escola, para ser a sua próxima esposa. Os desejos de Mswati III são uma ordem. O Rei, de 45 anos, governa cerca de 1,2 milhões de suazis com mão-de-ferro.

A pequena monarquia vai a votos esta sexta-feira (19.09.) para renovar a Câmara Baixa do seu Parlamento, que conta com 65 deputados, incluindo dez escolhidos diretamente pelo Rei.

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Meninas numa dança tradicional para o Rei, onde este escolhe uma das donzelas como mais uma das suas esposasFoto: Claudine Renaud/AFP/GettyImages

(In)existência de Oposição

Os opositores ao regime apelam ao boicote às eleições, que dizem ser uma hipocrisia. Maxwell Dlamini é o secretário-geral do Congresso da Juventude da Suazilândia, uma organização de jovens que faz campanha por uma transição democrática no país: “Nós realmente vivemos numa monarquia absoluta, porque todos os poderes estão centrados no Rei."

Para Maxwell Dlamini a imagem que se pretende passar para o exterior não corresponde à verdade: "As pessoas são usadas neste processo para enganar a comunidade internacional, mostrar que temos eleições credíveis na Suazilândia, quando na verdade não é nada disso.”

Comparando com os padrões ocidentais, as eleições suazis pouco têm a ver com democracia: os partidos políticos são proibidos e o maior partido da oposição, o “PUDEMO”, age na clandestinidade, exilado na África do Sul. Os deputados concorrem como independentes, apoiados por líderes de etnias.

Dez dos 65 parlamentares são escolhidos diretamente pelo Rei, mas todos os outros têm o seu consentimento. Além disso, o Rei determina dois terços do Senado, o primeiro-ministro, o Conselho de Ministros e o juiz supremo.

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Mãe e filha afetadas pela crise económica. A mãe cuida do jardim do vizinho e recebe o ordenado em víveresFoto: AP

Todos os poderes nas mãos do Rei

O Parlamento tem poucos poderes - o Rei concentra nas suas mãos os poderes Executivo, Legislativo e Judicial. O ativista Maxwell Dlamini afirma que, por isso, a oposição é inútil: “O Rei não está aberto a críticas, por isso vemos muitas pessoas serem detidas arbitrariamente, torturadas, forçadas a viver noutros países, por causa do ambiente político hostil."

O próprio ativista é um exemplo: "Eu, pessoalmente, estou em liberdade sob fiança por duas acusações fabricadas que o Estado está a tentar levantar contra mim.”

A Suazilândia é um dos dez países mais pobres do mundo. Dois terços da população vivem com menos de um dólar por dia. Financeiramente, o país depende de remessas do exterior, principalmente da África do Sul.

O negócio de exportação de açúcar sofre com a diminuição dos preços no mercado mundial. A corrupção é imensa e uma em cada 3 pessoas está infetada com o vírus da SIDA, mais do que em qualquer lugar do mundo.

Mas, então, porque é que a Suazilândia é tão pouco falada internacionalmente? Marcus Schneider é o representante da Fundação alemã Friedrich Ebert na Suazilândia: "São poucos os países com interesses económicos na Suazilândia, o país é pequeno, não há presença internacional. Ao mesmo tempo, há de facto uma ditadura brutal, mas que não é tão brutal que produza imagens que apelem à “emoção” internacional. Por isso, a crise da Suazilândia é um pouco esquecida”.