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Tensão entre Eritreia e Djibuti: União Africana pede calma

AFP | Reuters | mjp
17 de junho de 2017

Agrava-se tensão entre os dois países, após o ressurgimento de uma disputa territorial na fronteira, na sequência da retirada de soldados do Qatar. Tema vai estar em debate no Conselho de Segurança da ONU.

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Moussa Faki Mahamat, presidente da comissão da UAFoto: picture-alliance/Anadolu Agency/M. Wondimu Hailu

Em comunicado, o presidente da comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, apelou este sábado (17.06) à calma e contenção dos países vizinhos, um dia depois de o Djibuti ter acusado a Eritreia de aproveitar a saída das forças do Qatar para ocupar parte do território reivindicado pelos dois estados na fronteira. O Djibouti apresentou uma queixa formal à comissão da UA.

A retirada dos militares, anunciada esta semana pelo Qatar, surge na sequência da crise entre o pequeno emirado do Golfo e a Arábia Saudita e os seus aliados, que acusam o Qatar de apoiar o terrorismo islâmico. O Qatar, que rejeita estas acusações, não especificou o número de soldados que integram a sua força de observação implantada na fronteira entre a Eritreia e o Djibuti em 2010.

Afrika Eritrea Hauptstadt AsmarA
Asmara, capital da EritreiaFoto: picture alliance/Robertharding7M: Runkel

Os dois países vizinhos mantêm boas relações com a Arábia Saudita e os seus aliados dos Emirados Árabes Unidos e ficaram ao seu lado no conflito com o Qatar.

Na quinta-feira (16.06), o ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti, Mahmoud Al Youssouf, acusou Asmara de "colocar as suas forças” na região de Doumeira, junto ao mar Vermelho, disputada pelos dois países. "O Djibuti é um país pacífico e damos prioridade às soluções pacíficas. Mas, se a Eritreia insistir na procura de soluções militares, o Djibuti está pronto”, disse Al Youssouf, em conferência de imprensa. A Eritreia ainda não reagiu a estas declarações.

O porta-voz da ONU Stephane Dujarric afirmou, entretanto, que as Nações Unidas receberam comunicados escritos do Djibuti e da Eritreia. Sem avançar detalhes, garantiu que a organização está a analisar a questão, que classifica como "um exemplo das repercussões” da disputa entre o Qatar e a Arábia Saudita.

Segundo diplomatas citados pela agência Reuters, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deverá debater a situação à porta fechada esta segunda-feira.

Relações internacionais distintas

Dschibuti Hafen Symbolbild
Porto de DjiboutiFoto: Getty Images/AFP/S. Maina

Os dois países mantêm relações muito distintas com as potências estrangeiras. O Djibuti alberga bases militares francesas e norte-americanas e a China está também a construir a sua no pequeno território. Já a Eritreia é amplamente considerada um estado pária. Por outro lado, o porto do Djibuti escoa as importações e exportações da Etiópia, grande inimigo regional da Eritreia.

"A comissão da UA, após estreitas consultas com as autoridades do Djibuti e da Eritreia, decidiu enviar uma missão à fronteira entre os dois países para verificar os factos”, diz o comunicado divulgado este sábado pela organização, acrescentando que "o presidente da comissão está ao dispor do Djibuti e da Eritreia para ajuda a normalizar as relações bilaterais e a promover a boa vizinhança”.

As relações entre os dois países do Corno de África agravaram-se em 2008, com confrontos entre as forças armadas dos dois países na Doumeira, território não demarcado no Mar Vermelho. Em 2010, os dois estados assinaram um acordo sob os auspícios do Qatar com vista a negociações para resolver a disputa territorial. O Qatar enviou soldados para a área em questão, na sequência de um acordo final entre Djibuti e Asmara.

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