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Tensão pós-eleitoral está a afetar economia, diz Banco de Moçambique

Romeu da Silva (Maputo)17 de dezembro de 2014

A rejeição dos resultados eleitorais de 15 de outubro pela RENAMO e pelo MDM contribuiu para a depreciação do metical face ao dólar, diz o Banco central de Moçambique. Instabilidade trouxe "nervosismo" para os mercados.

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Foto: DW/C. Fernandes

Após as eleições gerais de outubro, a moeda nacional, o metical, depreciou face ao dólar. Neste momento, um dólar é cambiado a 34,5 meticais nos principais bancos comerciais, contra 31 meticais antes do escrutínio.

O Banco de Moçambique considera, em comunicado, que esta desvalorização se deve, entre outros fatores, à instabilidade política após o anúncio dos resultados eleitorais. "O rescaldo eleitoral […] transmite para os mercados nervosismo e expetativas negativas quanto à manutenção dos pilares que sustentam a estabilidade macroeconómica, levando a que alguns operadores antecipem pagamentos de importações, enquanto os exportadores alimentam expetativas de ganhos maiores num ambiente de elevada depreciação da moeda", lê-se no documento.

Ambiente político não é única causa

Tanto Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) como Daviz Simango, do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), dizem que não reconhecem os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições.

Isso trouxe uma "pressão enorme", segundo o gestor bancário Inbrahimo Ibrahimo. "Principalmente porque as eleições se realizaram num mês como outubro e logo a seguir, em dezembro, temos a quadra festiva. Tendo em conta que a pressão de importações no país é muito grande e havendo toda esta incerteza que foi criada nos meses anteriores, é normal que isso se verificasse."

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Mas o ministro das Finanças, Manuel Chang, recusa associar a depreciação do metical à instabilidade: "Os indicadores mostram que, durante todo o período, a taxa de câmbio esteve estável. Talvez nos finais de novembro é que tenha começado a haver essa desvalorização."

Como resolver?

Chang garante que não serão necessárias medidas administrativas para estabilizar o metical. "Estamos seguros, a economia e as instituições estão a funcionar", assegurou.

Para a ex-primeira-ministra moçambicana, Luísa Diogo, mudar o tom dos discursos dos políticos pode resolver o problema: "Qual é a responsabilidade de cada político? A responsabilidade é maior. As pessoas esperam de mim palavras responsáveis, serenas, construtivas. Porque, no fundo, a política é para fazer bem à vida das pessoas."

Luisa Diogo Ex-Ministerpräsidentin Mosambik
Luísa Diogo, ex-primeira-ministra moçambicanaFoto: DW/Joao Carlos

O antigo governador do Banco de Moçambique, Adriano Maleiane, sugere que se aposte em infraestruturas. "Para encurtar as distâncias e tornar os custos baixos. A longo prazo, a inflação vai seguramente baixar. Baixando a inflação, as perturbações da taxa de câmbio não vão prejudicar a expetativa de quem está a investir", afirma.

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