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Testes de ADN para combater o tráfico de marfim

Joana Rodrigues17 de abril de 2015

As autoridades tailandesas têm uma nova ferramenta forense para detetar marfim ilegal. Os testes realizados mostraram que a maioria do marfim vendido no país vem do elefante africano, espécie em risco de extinção.

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Foto: JON HRUSA/AP/dapd

Numa tentativa de controlar o tráfico de marfim, o Departamento Tailandês de Parques Nacionais, Vida Selvagem e Conservação da Flora (DNP) e a organização não-governamental TRAFFIC uniram-se na criação de uma rede de monitorização do comércio de artigos provenientes de animais selvagens, e têm levado a cabo exames de ADN dos produtos de marfim disponíveis em mercados locais para averiguar qual a sua origem.

Foram sujeitos a análises de ADN 160 produtos de marfim adquiridos legalmente pelos investigadores da TRAFFIC em mercados de Banguecoque, com o propósito de determinar se estes artigos tinham sido feitos a partir das presas de elefantes africanos ou asiáticos.

Os resultados foram preocupantes: a maioria dos itens tinha sido feita com marfim do elefante africano, espécie que se encontra em risco de extinção e cujo marfim é proibido na Tailândia.

Moçambique: um corredor para o tráfico

Um dos países que regista números mais elevados de caça furtiva de elefantes é Moçambique, onde estes animais se encontram em grave risco de extinção após terem sido mortos mais de 100 mil entre 2010 e 2012. O marfim extraído é depois vendido ilegalmente na China e em outros países asiáticos, algo que, segundo várias organizações ambientalistas, é feito com a complacência das autoridades locais.

Flash - Galerie Afrika Elfenbeinhandel
A caça furtiva colocou o Elefante Africano em risco de extinçãoFoto: AP

Tom Milliken, da organização TRAFFIC, considera que a situação é preocupante: “O elefante africano está a atravessar uma crise de conservação. A caça furtiva é insustentável e uma grande parte do marfim é depois vendida em países asiáticos, como a Tailândia. O número de elefantes da Reserva Nacional do Niassa, em Moçambique, diminuiu substancialmente nos últimos anos. Também a África do Sul enfrenta sérios problemas e todos os dias são mortos 2 rinocerontes só no Parque Nacional Kruger. É uma situação muito grave.”

Milliken acredita que a solução para este problema passa por reforçar a lei e combater a corrupção no país: “Moçambique precisa de reforçar a aplicação da lei. Na província de Gaza, perto do Parque Nacional Kruger, existem organizações criminosas que governam esta região como autênticos “senhores da guerra”, e também as autoridades governamentais são corruptas. É uma situação muito séria. Moçambique tem de demonstrar vontade política para acabar com estes crimes.”

Mais penalizações para o tráfico

Esta técnica foi desenvolvida para controlar o comércio de marfim na Tailândia e para reforçar as medidas de prevenção do comércio ilegal internacional. “A capacidade de utilizar ADN e outras ferramentas forenses especializadas é um grande apoio à aplicação da lei”, diz Adirson Noochdumrong, vice-diretor geral do DNP.

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A TRAFFIC aplaude as autoridades tailandesas por utilizarem estes testes de ADN para determinar a espécie do elefante por detrás dos produtos de venda local. “Isto representa uma nova etapa na capacidade de o país policiar o marfim dos mercados locais”, afirma Chris Shepherd, diretor da TRAFFIC no Sudeste Asiático.

Os crimes contra a vida selvagem são 4ª maior atividade ilegal do mundo, movimentam pelo menos 15 milhões de euros por ano e colocam em risco muitas áreas protegidas de África.