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Um ano depois, ninguém esquece tragédia de Chitima

Amós Zacarias (Chitima, Tete)11 de janeiro de 2016

Em 2015, 75 pessoas morreram no centro de Moçambique por intoxicação alcoólica, depois de beberem uma cerveja artesanal. Recentemente foi anunciado o fim do apoio direto às crianças que ficaram órfãs durante a tragédia.

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Funeral de uma vítimas da intoxicação em ChitimaFoto: DW/A. Zacarias

Um ano depois, ninguém esquece. Em janeiro de 2015, 75 pessoas morreram em Chitima, distrito de Cahora Bassa, na província central de Tete, por intoxicação com phombe. Na altura, cerca de 265 pessoas consumiram a bebida artesanal tóxica.

"Senti como se estivesse a ir para o cemitério. Até tive sorte", conta, um ano depois, Juliano Azeite, líder comunitário do Bairro Cawira B, um dos locais onde houve mais mortes. Ele também foi intoxicado há um ano, mas sobreviveu. "Às vezes, ao caminhar, sinto que não tenho força. Sofro de dores na coluna, não sei se é por causa daquela medicação".

Em dezembro, deixou de haver apoio direto às 120 crianças que ficaram órfãs na sequência da tragédia. "A partir deste mês de janeiro, apenas estamos a dar assistência aos idosos que não conseguem vir à Direcção da Mulher e Acção Social. Estes passaram a beneficiar de subsídios alimentares", explica Paula Coimbra, diretora distrital da Saúde, Mulher e Acção Social de Cahora Bassa.

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As crianças foram encaminhadas para famílias biológicas e substitutas. Dez das famílias substitutas beneficiaram de financiamento para desenvolverem projetos de rendimento. Outras cinco famílias vão receber, até março, uma casa melhorada.

"Aconselhamos a não esperarem apenas pelo apoio do Governo, mas que essas crianças estudem. No ano passado conseguimos matricular algumas crianças em várias escolas e pedimos que estudem", apela a diretora distrital da Saúde.

Venda e consumo continuam

Apesar de tudo, a tragédia não fez parar a venda e consumo de phombe na vila de Chitima. Abílio Manuel foi intoxicado há um ano com a bebida artesanal, mas continua a beber. "Eu salvei-me. Não tenho medo de beber e não vou parar", garante. "Eu sou camponês. Cinquenta meticais (cerca de umeuro) é muito para uma cerveja. Não tenho dinheiro, por isso prefiro beber phombe".

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A venda e o consumo de phombe continuam em ChitimaFoto: DW/A.Zacarias

A comercialização da bebida garante o sustento de muitas famílias de Chitima. Para garantir a continuidade da venda e do consumo de phombe, o Governo Distrital de Cahora Bassa aconselha todos os comerciantes a observarem as medidas necessárias de higiene.

Em novembro, análises laboratoriais realizadas nos Estados Unidos da América (EUA) revelaram que a farinha de milho usada para o fabrico da bebida que no ano passado levou à morte de 75 pessoas estava contaminada.

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