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Venda de votos pode comprometer presidenciais no Gana

Suuk Maxwell
5 de dezembro de 2016

O Gana é frequentemente visto pela comunidade internacional como um país pacífico e exemplar. Mas o primeiro Estado da África Subsaariana a conquistar a sua independência tem ainda trabalhos de casa a fazer.

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Ghana Accra Independence Square
Praça da independência em Acra, capital do GanaFoto: picture alliance/AP Photo/S. Alamba

A compra de votos é um problema grave no Gana. Às portas das eleições presidenciais de 7 de dezembro, vários eleitores não escondem que exigem dinheiro para irem votar.

"Vou vender o meu voto se tiver alguém que o compre. Honestamente, estou a tentar que alguém compre o meu voto, porque depois das eleições ninguém vai ver estes políticos”, diz um eleitor, enquanto outro confia à reportagem da DW África que "vou vender o meu voto, são mil cedis [215 euros], porque não acredito em ninguém que venha a ser Presidente. São apenas mil cedis, muito bom preço!”

No país da África Ocidental, subentende-se que aquele que paga mais conquista mais votos.

Nas próximas eleições de 7 de dezembro defrontam-se dois conhecidos adversários. Apoiado pelo partido no poder, Congresso Nacional Democrático, o Presidente John Mahama recandidata-se ao cargo, depois de vencer as eleições de 2012 com uma distância muito curta de Akufo-Addo, do Novo Partido Patriótico, que está também de novo na corrida.

Sistema democrático em perigo

O hábito da compra de votos é um duro golpe no sistema democrático do Gana, afirma o cientista político Paul Osei Kuffour, do Centro para o Desenvolvimento Democrático em Tamale."Porque é que alguém vende o seu voto? Ou porque que alguém permite que o seu voto seja comprado? É uma afronta à democracia. Isso significa que o tipo de líderes políticos que se elegem pode não refletir a verdadeira escolha e interesse dos cidadãos.”

Ghana Präsidentschaftswahlen Wahlwerbung
Cartaz da campanha eleitoral do NDC - Congresso Nacional DemocráticoFoto: DW/K. Gänsler

Muitos ganeses obtêm lucros em época eleitoral. Recentemente foi distribuído dinheiro e outros bens a moradores de Tamale, a principal cidade do norte do Gana, para votarem num determinado candidato.

Nabari Abdullai, uma pessoa influente de Tamale, explica o que leva muitos eleitores a venderem o seu direito de voto.

"Esta prática deve-se sobretudo ao facto de os líderes fazerem promessas que depois não cumprem. Portanto, depois as pessoas dizem que não votam se não forem pagas.”

Campanha "Eu não vou vender o meu voto"

De acordo com lei da representação pública do Gana, é crime oferecer bens materiais, fazer promessas ou persuadir para se obter um cargo público. Um crime que pode ter graves consequências, denuncia Stephen Azantilow, da comissão dos direitos humanos e justiça administrativa.

"No final, não se obtêm as pessoas qualificadas e competentes para administrar os assuntos do país. E o Estado sofre em vários em termos políticos, sociais e económicos."Para combater a prática, o politólogo Paul Osei Kuffour lançou a campanha "Eu não vou vender o meu voto”, que promove a consciência cívica e direitos democráticos.

Ghana Präsident John Dramani Mahama
Presidente cessante do Gana John MahamaFoto: BDI/C. Kruppa

"As eleições são uma ferramenta de responsabilização. Um sistema corrompido e não genuino mina a legitimidade das pessoas eleitas para cargos políticos.”O eleitor Nurudeen Usman aderiu à campanha e disse à DW África que "vou votar com base no desenvolvimento e nas promessas dos candidates que podem ajudar o país a avançar.”

Os ganeses têm comprometido o voto desde o início da quarta república, em 1992. O Presidente John Mahama e o líder da oposição tentam conquistar os eleitores para as próximas presidenciais, agendadas para quarta-feira (07.12.).