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Violência agrava-se no Quénia com protestos

Andrew Wasike | mjp
3 de outubro de 2017

Pelo menos uma pessoa foi morta, esta segunda-feira (02.10), em manifestações que exigem afastamento dos membros da comissão eleitoral. Universidade de Nairobi foi fechada esta terça-feira (03.10) para evitar protestos.

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Apoiantes do líder da oposição, Raila Odinga, pedem demissão de representantes da comissão eleitoral do QuéniaFoto: Reuters/T. Mukoya

A polícia recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes da oposição que se reuniram em Nairobi e outras cidades quenianas, esta segunda-feira (02.10), para exigir o afastamento dos membros da comissão eleitoral, numa altura em que o país se prepara para ir a votos.

O Supremo Tribunal anulou a eleição presidencial de 8 de agosto – que deu a vitória a Uhuru Kenyatta - devido a irregularidades. A nova votação está agendada para 26 de outubro, mas o líder da oposição, Raila Odinga, apela a manifestações para forçar a demissão dos membros da comissão eleitoral, acusados de ajudar o partido no poder a manipular a votação.

Raila Odinga recusa-se a participar nas novas eleições sem grandes reformas na comissão eleitoral. Para Uhuru Kenyatta, os pedidos dos manifestantes são "irrealistas".

3.10 Actualidade: Quénia / Protestos - MP3-Mono

Ainda assim, esta segunda-feira (02.10), em Nairobi, Kisumu, no oeste, e na cidade portuária de Mombaça, centenas de pessoas gritaram "Chiloba tem de sair", numa referência a Ezra Chiloba, diretor-executivo da comissão eleitoral apoiado pelo partido no poder. Registaram-se vários confrontos com as forças de segurança.

"Protestos não são protestos sem gás lacrimogéneo. Nós temos de lutar pelos nossos direitos rodeados por gás lacrimogéneo, enquanto os apoiantes do partido no poder protestam e não são atacados pela polícia. Não fizemos nada de errado, só exigimos os nossos direitos", diz um manifestante.

"Apelo a todos os quenianos que venham protestar em grande número, de forma pacífica, sem medo. Deixem a polícia fazer o seu trabalho, garantir que estamos seguros. A unidade dos quenianos está a ser testada", afirmou outro participante dos protestos.

Em Siaya, no oeste do país, a Cruz Vermelha confirmou a morte de um homem de 41 anos durante os protestos. Segundo a organização, testemunhas relatam a queda do homem, em choque, após a explosão de uma granada de gás lacrimogéneo ao seu lado.

Ameaça de sanções

Os observadores internacionais, liderados pelo embaixador dos Estados Unidos no Quénia, Robert Godec, ameaçam impor sanções aos dirigentes quenianos caso continuem a impedir a preparação das eleições agendadas para 26 de outubro.

Tensão pós-eleitoral no Quénia

Na última quinta-feira, o partido de Uhuru Kenyatta apresentou um projecto de lei na Assembleia Nacional para alterar a lei eleitoral. A proposta visa essencialmente abordar as falhas que levaram à invalidação das presidenciais de agosto. Robert Godec condena o comportamento do partido no poder.

"As boas práticas internacionais ditam que devem ser evitadas alterações às regras eleitorais em vésperas de eleições. Se os membros da comissão eleitoral forem demitidos, isto deve ser feito pelas autoridades adequadas, de acordo com a lei. Se e quando for apropriado, tomaremos medidas de acordo com a lei norte-americana para responsabilizar as pessoas. A proibição de viajar é uma das possibilidades", alertou o embaixador norte-americano.

Universidade é fechada

A Universidade de Nairobi, a mais antiga do Quénia, foi fechada esta terça-feira (03.10) pelos administradores da instituição para evitar um protesto organizado por estudantes. A justificativa foi a de "garantir a segurança dos alunos".

Na última quinta-feira, a polícia respondeu com violência a um protesto de estudantes contra a prisão de um parlamentar da oposição. Alunos foram arrastados para fora das salas de aulas e apanharam de agentes, que também lançaram bombas de gás lacrimogéneo. Segundo a universidade, 27 estudantes ficaram feridos.

A polícia justificou os atos dizendo que havia ladrões entre os estudantes. Os alunos decidiram, então, organizar uma manifestação esta terça-feira (03.10), mas a universidade decidiu fechar as portas para evitar novos atos de violência.

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