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A crise acaba no "prego"

(am)14 de dezembro de 2002

Quanto maior a crise econômica, tanto melhores os negócios das casas de penhor. Na Alemanha, esta verdade popular está sendo confirmada no dia-a-dia.

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Placa de uma casa de penhorFoto: AP

Ao contrário da maioria dos ramos econômicos, as casas de penhor alemãs estão vivendo um período de alta conjuntura. Em 2002, seu faturamento total deverá ter um aumento de 5% em relação ao ano anterior, segundo Joachim Struck, presidente da Federação Alemã dos Serviços de Créditos Penhorados. O montante de faturamento das 170 casas de penhor deverá atingir 380 milhões de euros. E a tendência continua sendo de crescimento.

Um número cada vez maior de alemães lança mão das ofertas de crédito temporário das casas de penhor. São mais de 1,5 milhões de clientes por ano, que não vêem outra alternativa de solucionar agudos problemas financeiros, a não ser o "prego". Quando alguém procura uma casa de penhor é porque sabe que não obterá empréstimo em nenhum outro lugar. "Os nossos clientes são geralmente aqueles que não têm chance de obter um crédito bancário", afirma Struck.

Sem renda fixa

O maior grupo dos que recorrem às casas de penhor é formado por pessoas que exercem uma profissão autônoma e não dispõem de um rendimento mensal fixo – tanto artesãos, como profissionais liberais ou mesmo proprietários de microempresas.

Um caso típico é o dos artesãos – que exercem ofícios manuais por conta própria. Suas atividades sofrem freqüentemente não apenas influências sazonais, mas são atingidas de forma muito drástica pelos altos e baixos da conjuntura econômica. Os custos permanecem, o faturamento cai. É preciso arranjar dinheiro vivo, de alguma maneira.

"Nossos clientes nos procuram quando têm algum problema imediato de liquidez", afirma Struck. "Basta que uma fatura seja paga com atraso ou deixe de ser paga e a situação se torna crítica. É preciso remunerar os empregados e a própria vida pessoal continua, com todas as suas despesas. O período das vacas magras tem de ser superado."

Anel de brilhante

É em tais situações que muitos microempresários, profissionais liberais ou artesãos decidem penhorar seu patrimônio pessoal: jóias, relógios, aparelhos eletrônicos, automóveis ou motocicletas – enfim, tudo o que pode ser transportado até à casa de penhor.

Blauer Saphir an der Hand einer schönen Frau (nicht im Bild) Juwelier Schmuck
Foto: AP

Os objetos mais freqüentemente penhorados são as jóias – de broches a anéis de brilhante – e relógios de marcas cobiçadas, como Rolex. Nestes casos, a cotação diária do ouro no mercado internacional desempenha um papel fundamental na avaliação do objeto a ser penhorado.

A fim de evitar erros em tais avaliações, muitos empregados das casas de penhor fazem os cursos oferecidos pela Escola de Joalharia de Idar-Oberstein, no sul da Alemanha. E, com a experiência diária, são depois capazes de taxar o valor de uma jóia com mais segurança que muito joalheiro.

Juros altos

As regras das casas de penhor são simples. O cliente recebe, em geral, entre 70% e 80% do valor de mercado do objeto penhorado. Mas o crédito não é barato: ao lado de uma amortização mensal de 1% do valor emprestado, devem ser pagos juros da ordem de 3,5%. O que parece barato à primeira vista pode chegar a um montante de 40% ao ano.

Apesar disto, muitos parecem não encontrar outra solução para seus problemas financeiros. A maioria dos que recorrem às casas de penhor são fregueses contumazes. No momento, porém, o setor está desenvolvendo um novo dinamismo: "Ganhamos clientes novos. São pessoas que enfrentam agora a necessidade de buscar nossos créditos, em decorrência da crise econômica", afirma Joachim Struck.

De qualquer maneira, a maioria dos clientes só se endivida temporariamente. Seja por causa dos juros altos ou porque o objeto é de grande estimação: 92% dos artigos penhorados acabam sendo resgatados pelos clientes. O restante é então leiloado pelas casas de penhor.