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A médica emergencista Dagmar Zillig, de Rostock

14 de abril de 2010

Dagmar Zillig é médica por paixão. Além de integrar a emergência da Cruz Vermelha, ela é voluntária na equipe salva-vidas de nadadores e mergulhadores. Às vezes, até ela arrisca um mergulho.

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O dia de Dagmar Zillig, de 52 anos, começa com ela alimentando os 18 ouriços que moram no porão de sua casa. Sem a ajuda dela, os animais não sobreviveriam ao inverno rigoroso da Alemanha.

Os ouriços são alimentados com ração de gato. Somente depois de todos terem feito o desjejum é que Dagmar vai para o trabalho. O expediente do turno da manhã começa às 7h e ela trabalha na equipe de atendimento emergencial da Cruz Vermelha em Rostock, no norte da Alemanha.

Dagmar raramente vai ao cinema, mas, quando vai, gosta de assistir a filmes sobre animais. A paixão pelos bichos está relacionada diretamente com a infância. A médica foi criada num antigo prédio de um convento, num pequeno vilarejo chamado Chorin, entre Berlim e a Polônia.

O pai foi guarda-florestal. "Adoro brincar na floresta. Quando eu era criança, não sabia brincar com brinquedos. Eu me divertia mesmo era na natureza!".

Ainda hoje a maior parte dos hobbys da médica são atividades praticadas ao ar livre: mergulhar, velejar ou viajar. Dagmar também tem prazer com o trabalho voluntário que executa na Deutsche Gesellschaft zur Rettung Schiffbrüchiger, uma sociedade alemã que resgata naufragados. Uma das funções da médica é acompanhar a equipe salva-vidas no Mar Báltico.

Marido em alto mar

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Dagmar Zillig ama a profissãoFoto: DW

Dagmar sempre sonhou em ser médica. Mudou-se para Rostock em 1975 para estudar medicina. Fez especialização em cirurgia. Em 1996, foi trabalhar na Cruz Vermelha da Alemanha – depois que enfrentou algumas discórdias com a nova diretoria da clínica na qual trabalhava. Além de Dagmar, há somente mais duas mulheres no serviço de emergência da Cruz Vermelha de Rostock.

"É uma profissão difícil para uma mulher", conta. Administrar os horários, para quem tem família, não é fácil. Mas Dagmar não tem filhos. A vontade de tê-los existiu, mas "no início da carreira não queríamos ter filhos e depois, quando tudo se ajeitou, era tarde".

O marido de Dagmar é engenheiro náutico. Ele passa quatro meses em alto mar e dois em casa. O casal se conheceu velejando e tem um ótimo relacionamento: "Quando meu pai adoeceu, meu marido pegou uma licença não remunerada de seis meses", conta a médica.

Quando envelheceram, os pais de Dagmar mudaram-se para Rostock. A mãe foi a primeira a morrer. O pai faleceu vítima de hemorragia cerebral em 2009. A médica cuidou do pai durante nove anos. Mesmo com todos os problemas, a filha nunca desistiu da comunicação com o pai. "Todos diziam que ele não me ouvia mais. Mas eu sabia que ele me entendia."

Terapia médica

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Dagmar cuida para que 18 ouriços sobrevivam ao invernoFoto: DW

Dagmar tem certeza que o afeto e a aproximação do médico influenciam na cura de um paciente. Quando soa o alarme na estação de emergência, a equipe da Cruz Vermelha precisa agir rapidamente. É o terceiro atendimento do dia. Trata-se de um homem com uma reação alérgica, provavelmente a algum medicamento.

Quando Dagmar chega ao local de atendimento, logo se dirige ao paciente e o toca. "É importante fazê-lo sentir que eu estou aqui e que tudo ficará bem", explica a médica, mais tarde. "Chamamos isso de terapia médica", comenta.

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Quando se aposentar, Dagmar gostaria de morar em Warnemünde, uma região de praia de RostockFoto: DW

Desde que seu pai morreu, não há mais ninguém esperando pela médica em casa, depois do expediente. Mesmo assim, ela não se sente sozinha: planejar as próximas férias do casal e preparar a palestra para o próximo seminário médico são apenas algumas das metas de Dagmar que estão em aberto.

E ainda há os ouriços que não devem ser esquecidos. O mesmo acontece com os vizinhos. "Sempre há alguém batendo na minha porta. No meu prédio moram ainda outros dois médicos, mas, quando acontece alguma coisa, todos me procuram!", constata Dagmar. "Não é folgas. Um médico é médico 24 horas por dia."

Autora: Luna Bolívar Manaut (br)
Revisão: Alexandre Schossler