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A máscara me protege se os outros não a usam?

Esteban Pardo
22 de abril de 2022

Muitos países ao redor do mundo, inclusive muitos estados brasileiros, flexibilizaram a exigência de usar máscaras como proteção contra covid-19. Se nem todos a utilizam, vale a pena continuar usando?

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Foto: Frank Hoermann/SVEN SIMON/picture alliance

As máscaras são, sim, eficazes para reduzir o risco de contrair covid-19, mesmo que todos ao seu redor não as usem. Mas essa eficácia varia de acordo com o tipo de máscara que usada. As máscaras FFP2 e N95 ajustadas corretamente oferecem proteção 75 vezes maior em comparação com as máscaras cirúrgicas ajustadas corretamente, de acordo com um estudo do Instituto Max Planck de Dinâmica e Auto-Organização em Göttingen, Alemanha.

"Muitos profissionais de saúde, cientistas que trabalham com patógenos perigosos ​​e trabalhadores que podem ser expostos a partículas perigosas no ar dependem de máscaras especializadas como a N95 para proteção, então sabemos que máscaras de alta eficiência e devidamente ajustadas funcionam", disse Linsey Marr, professor da Universidade Politécnica de Virgínia, nos EUA, e especialista em transmissões virais no ar.

O ajuste da máscara desempenha um grande papel na proteção, descobriram os pesquisadores do Instituto Max Planck. Se ela não estiver bem encaixada, envolvendo adequadamente a boca e o nariz, não será tão efetiva.

O estudo relatou que as máscaras ajustadas para se encaixarem perfeitamente no nariz bloquearam quatro vezes mais partículas do que as máscaras não tão bem encaixadas.

O fim das máscaras?

No início desta semana, um juiz federal dos Estados Unidos retirou a obrigatoriedade do uso de máscara no transporte público, inclusive em voos domésticos. Na Espanha, elas são exigidas apenas no transporte público e nos centros de saúde.

Na Alemanha, o governo acabou com a maior parte das regras contra covid-19 no final de março, apesar de dias antes registrar sua maior taxa de infecção desde o início da pandemia. As máscaras são exigidas oficialmente apenas no transporte público e em centros de saúde, mas em estabelecimentos comerciais os clientes ainda podem ser solicitados a usá-las. Também no Brasil, vários estados flexibilizaram as restrições quanto ao uso de proteção facial.

Em muitas áreas, pela primeira vez desde o início da pandemia, o uso da máscara é voluntário. Muitos especialistas e profissionais da área da saúde, no entanto, criticam a flexibilização como precipitada.

Mudança de mentalidade

O uso de máscara não é novidade para países como o Japão, onde já era comum as pessoas usá-las por causa das condições climáticas.

Há muitos fatores envolvidos na infecção por covid-19: a distância entre você e a pessoa infectada, o tipo de interação que se tem, se o contato ocorre ao ar livre ou em ambiente fechado e quão bem ventilado é esse espaço. A possibilidade de contaminação com o vírus também depende de fatores como o nível de infecciosidade de uma pessoa e sua própria resposta imunológica.

Embora ainda haja muito que não sabemos sobre como as pessoas são infectadas por covid, uma coisa é clara: usar uma máscara é definitivamente a melhor proteção do que não usá-la, especialmente para pessoas imunocomprometidas ou que têm um alto risco de desenvolver sintomas graves.