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A verdade oculta

(ms)4 de junho de 2003

O vice-presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2006 deixará o cargo para atuar como conselheiro nos preparativos para o mundial. A mudança é uma estratégia para encobrir negócios suspeitos?

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Foto: AP

"Eu pedi para sair", declarou Fedor Radmann, frisando que a mudança voluntária do cargo de vice-presidente do Comitê Organizador do Mundial, responsável pela programação cultural, para a de conselheiro sem vínculo empregatício foi uma decisão tomada de livre e espontânea vontade.

A notícia foi destaque na imprensa alemã pela peculiaridade do fato. Quem deixa um cargo de importância e destaque para se tornar um mero consultor sem grande expressividade?

"Motivos pessoais" foi a explicação de Radmann. O secretário geral da Federação Alemã de Futebol (DFB), Horst Schmidt, que também ocupa a vice-presidência do Comitê Organizador, não entende o motivo para tanto alarde com o anúncio da mudança. Ele também defende o colega dizendo que a saída não deve ser classificada como uma estratégia para lhe tirar o poder. "Não é o caso", afirmou.

Entre nós

Ninguém comenta nem ousa falar sobre as recentes suspeitas que recaem sobre Radmann. Nem mesmo Franz Beckenbauer, presidente do comitê. "Foi desejo de Fedor deixar os negócios operativos para prestar consultoria", afirmou o Kaiser.

A recente divulgação de que Radmann estaria tirando proveito próprio com os acordos de negócios para a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha é um assunto incômodo para todos. Por exigência do comitê, ele precisou cancelar um contrato duvidoso de assessoria com o grupo Kirch, que detinha os direitos de transmissão dos jogos, e também teve que paralisar as negociações com a patrocinadora Adidas. Além disso, veio à tona que Radmann tinha participação numa agência de publicidade de Munique cujo responsável é Andreas Abold: nada mais, nada menos, que o criador do logotipo da próxima Copa do Mundo.

Mudanças estruturais

A saída de Radmann da cúpula do comitê implica em mudanças de organização. Quem irá assumir o seu cargo é o tesoureiro da DFB, Theo Zwanziger, que ficará responsável pelos setores de finanças, pessoal e jurídico.

Schmidt, por sua vez, terá como encargo cuidar dos negócios estruturais e a incumbência de ser o interlocutor oficial junto à Fifa. A mudança de pessoal e de tarefas deve ser aprovada em meados de junho pelo conselho administrativo do Comitê Organizador.

Novo desafio

Fedor Radmann irá assumir a nova função de conselheiro autônomo a partir do 1º de julho, com a inauguração em Berlim de uma empresa criada pelo governo, em conjunto com o comitê, para atender a área de turismo, hospedagem, programas culturais, artísticos e afins durante a realização da Copa na Alemanha. Embora seja exatamente seu campo de atuação, Radmann não vai assumir a direção do negócio. E nem isto pode soar estranho.

"Se é o governo quem está financiando esse setor é mais do que lógico que seja criada uma organização independente das atividades do comitê", defendeu Gerhard Mayer-Vorfelder, presidente da Federação de Futebol e do conselho administrativo do Comitê Organizador.

Apesar da dúvida que ainda paira no ar com relação às atitudes de Radmann, uma coisa é certa: ele tem o apoio de todos os grandes cartolas, em especial de Franz Beckenbauer: "Fedor Radmann continua sendo uma pessoa importante para a realização da Copa do Mundo de 2006. Ele continua usufruindo de nossa plena confiança."