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A visão européia de Hollywood

Leona Frommelt (sm)2 de agosto de 2004

O primeiro filme de Sönke Wortmann rodado nos EUA é uma declaração de amor e ódio a Hollywood.

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Tom Berenger, Rod Steiger und Burt Reynolds em "Céu de Hollywood"Foto: AP

Quando o ator Tom Greener (Tom Berenger) retorna a Hollywood já envelhecido, após anos de prisão, ele tem menos de 200 dólares no bolso e nenhum plano futuro. Num enterro, ele encontra dois outros atores conhecidos que não estão em melhor situação: Kage Mulligan (Burt Reynolds), um beberrão de 60 anos, e Floyd Benson (Rod Steiger, falecido logo após as filmagens), ator de 70 anos premiado com o Oscar que ganha a vida como instalador de alarmes.

Hoje no auge, amanhã no name

Filmszene Der Himmel von Hollywood
Cena de "O Céu de Hollywood"Foto: Senator Film

Passaram-se anos desde quando os três eram grandes nomes do showbizz. Agora suas vidas não giram mais em torno da fama e da sucesso, mas sim da procura de emprego, falta de dinheiro e bebida. Após uma noite de embriaguez, os três se deparam com o cadáver de um gângster. Não demora muito para eles chegarem às pistas de uma gangue que levantou 10 milhões de dólares com a fraude de um cassino. Os astros decadentes decidem provar ao mundo pela última vez sua mestria. Com ajuda de seu talento de atores, eles pretendem ficar com o que os ladrões lucraram. E além do mais, a jogada deverá ajudá-los a ter um comeback glorioso a Hollywood.

Plakat Der Himmel von Hollywood
Cartaz de "O Céu de Hollywood"

Há três anos, o autor holandês de best-sellers Leon de Winter e o diretor alemão Sönke Wortmann anunciaram um filme. O Céu de Hollywood (Der Himmel von Hollywood / The Hollywood Sign) foi concebido como uma expressão da soberania da indústria cinematográfica européia e sua ousadia de lançar um olhar de desdém por trás dos bastidores da concorrência hollywoodiana. O resultado ficou aquém das expectativas. A distribuidora deixou o filme de molho durante três anos. O fato de O Céu de Hollywood entrar em cartaz nos cinemas alemães só tem a ver com o retorno de Wortmann às telas com O Milagre de Berna (Das Wunder von Bern).

As sombras de Hollywood

O roteiro parecia promissor. Foi o próprio co-produtor Leon de Winter que adaptou seu romance para o cinema. Os fios desta história com interessantes cruzamentos de realidade e ficção, suas reflexões melancólicas sobre fama e decadência, são coisas que funcionam numa comédia, mas não foram encenadas de forma adequada. Após um início promissor, que inclui uma dinâmica alternância de verdades e mentiras, um jogo de filme dentro do filme, só no fim é que o filme consegue entrar de novo no ritmo.

Filmszene Der Himmel von Hollywood
Cena de "O Céu de Hollywood"Foto: Senator Film

Por outro lado, os protagonistas são brilhantes. Três raposas velhas do film business fazem o papel de três raposas velhas do film business: Burt Reynolds, Rod Steiger e Tom Berenger — bastante charmosos, mesmo que já meio passados — brilham diante das câmeras como nunca. Antes da filmagem, a situação dos três não era muito diferente da de suas personagens: eles só estavam recebendo papéis em filmes B. Talvez por isso mesmo sua atuação seja tão convincente.

A cena mais cativante: o velho Burt Reynolds se embebeda para juntar coragem antes de sua perigosa missão. Ele quer se certificar de que foi um dos grandes de Hollywood no passado e que ainda serve para alguma coisa. Logo depois, quase acontece uma catástrofe: sob disfarce de policial, ele tem que parar para vomitar no auge da farsa.