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Acaba lua de mel dos sindicatos com Schröder

Estelina Farias12 de julho de 2002

Não existe mais o apoio de quatro anos atrás dos sindicatos ao chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, na expectativa de altos benefícios para a classe trabalhadora.

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Gerhard Schröder ladeado pelo presidente da DGB, Michael Sommer (d) e Dieter Schulte, seu antecessor na central sindicalFoto: AP

Os sindicatos são aliados tradicionais do Partido Social Democrático (SPD), que governa o país desde 1998 numa coalizão com o Partido Verde. A paz entre o governo de centro-esquerda e os sindicatos nunca pareceu tão frágil como neste momento em que o número de desempregados beirando os quatro milhões evidencia que, assim como o governo conservador de Helmut Kohl, o atual também não conseguiu cumprir sua promessa de gerar emprego em massa.

Não altera nada, segundo os analistas, o fato de os sindicalistas serem comedidos nas suas críticas ao projeto mais importante de Schröder para se manter no poder: os planos da Comissão Hartz para uma reforma da política voltada para o mercado de trabalho, com a meta de gerar empregos. A taxa de desemprego atual de 9,5% é semelhante à de 1998, quando os social-democratas e verdes destituíram nas urnas a coalizão de governo dos democrata-cristãos (CDU), social-cristãos (CSU) e liberais (FDP), que durou 16 anos, sob a chefia de Kohl.

Tática eleitoral

Observadores políticos avaliam como "mera tática eleitoral" os planos do gabinete Schröder para reduzir o desemprego em 50%, até o ano 2005. O número atual de desempregados beira os quatro milhões e o índice é praticamente o mesmo deixado por Kohl. Este repetiu durante anos a promessa de baixar o índice de desempregados para a metade. Enquanto Schröder estava reunido com a cúpula sindical em Hanôver, o candidato da CDU e CSU à sucessão de Schröder, Edmund Stoiber, também apresentou um plano, nesta quinta-feira (12) para criar 1,7 milhão de empregos. Um projeto igualmente eleitoral, segundo os cientistas políticos.

Uma comparação das contribuições dos sindicatos para as campanhas eleitorais dos social-democratas, em 1998 e 2002, mostra a fragilidade de suas relações. Naquele ano, a Federação dos Sindicatos Alemães (DGB) investiu o equivalente a quatro milhões de euros na campanha para a mudança do governo e o poderoso Sindicato dos Metalúrgicos mais dois milhões de euros. Desta vez estão previstos apenas 500 mil euros.

Catástrofe menor

"Com isso deve ser mantida a aparência de que os sindicatos continuam apoiando o SPD", avaliou Hans-Peter Müller, acrescentando que "pode-se ter a impressão de que os sindicalistas apoiam um chanceler federal politicamente fraco porque necessitam dos votos dos social-democratas no Parlamento". Mas depois das decepções ao longo dos últimos quatro anos de governo social-democrata e verde, muitos sindicalistas não encaram mais uma possível vitória da direita (CDU e CSU) como uma grande catástrofe.

O gabinete Schröder é visto por muitos sindicalistas como o "mal menor", a mesma razão que levou a esquerda francesa a apoiar em peso a reeleição do presidente Jacques Chirac, no segundo turno presidencial, para evitar uma vitória do ultradireitista xenófobo Jean-Marie Le Pen. O resultado da última pesquisa sobre intenção de votos na Alemanha apresenta vantagem dos partidos de oposição de direita sobre o governo de esquerda.

As legendas irmãs CDU e CDU melhoraram sua posição em um ponto percentual e contam com 40% das intenções de voto, enquanto o SPD se mantém na mesma, com 35% da preferência dos eleitores. Seu parceiro de coalizão, o Partido Verde também continua contando com 6%. A colocação do Partido Liberal, provável parceiro de coalizão das legendas de centro-direita está igualmente inalterada em 9%. A se confirmarem esses resultados na eleição de setembro, os partidos do governo anterior de Helmut Kohl retornarão ao poder que perderam em 1998.