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Academia saudita sob controle

ef29 de outubro de 2003

Sob suspeita por causa de suas tendências fundamentalistas islâmicas, Academia Fahd da Arábia Saudita em Bonn escapa de fechamento. Mas passa a funcionar com severas restrições e forte vigilância.

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Academia Fahd em BonnFoto: dpa

Um acordo entre autoridades da Alemanha e da Arábia Saudita sobre um catálogo de medidas baniu a ameaça de crise nas relações diplomáticas entre os dois países, que acarretaria um fechamento da academia com o nome do rei saudita. Um dos pontos mais importantes do acordo é o que veda o acesso à Academia Fahd de pessoas que se encontrem sob suspeita de contato com organizações extremistas.

O acerto foi uma surpresa para a imprensa e um grande alívio para o governo, pois em Berlim se temia até um rompimento das relações diplomáticas entre os dois países, caso não houvesse um acordo. Em sua recente visita à Arábia Saudita, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, tratou do assunto pessoalmente com o rei Fahd, em Riad.

As atividades da academia - No momento, a Academia Fahd tem 460 alunos de várias nacionalidades, do primário até o último semestre do ensino médio. Entre eles, quase 200 têm a cidadania alemã. Ela foi construída com dinheiro da fortuna pessoal do rei Fahd e inaugurada em 1994 como um apêndice luxuoso da embaixada saudita em Bonn, com a meta de complementar o aprendizado de filhos de diplomatas árabes.

König Fahd von Saudi Arabien
Rei Fahd da Arábia SauditaFoto: AP

A escola permaneceu em Bonn após a mudança da capital e das embaixadas para Berlim. Este fato em si, aliado ao grande número de alunos com passaporte alemão, já teria acabado com a razão de ser da escola árabe na antiga capital da Alemanha dividida.

11 de setembro

- Governo e povo alemães tornaram-se mais sensíveis depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, sobretudo porque alguns dos pilotos suicidas que destruíram o World Trade Center estudaram em Hamburgo. Mas círculos islâmicos continuaram sendo tolerados, em nome de uma sociedade politicamente correta que não pode deixar de considerar 3,2 milhões de muçulmanos residentes na Alemanha. Até porque, a grande maioria deles são cidadãos inofensivos, como trabalhadores, negociantes e refugiados.

Academias semelhantes existem em Washington, Londres e Moscou, mas a de Bonn entrou logo na mira do serviço secreto alemão por relações perigosas com figuras ligadas ao terrorismo internacional, como Mamduh Salim, um dos responsáveis pelas finanças do top terrorista Osama Bin Laden, preso em Munique em 1998.

Salim mantinha contato com pessoas que mandaram seus filhos para a Academia Fahd. Além disso, um de seus professores pregou a Jihad (guerra santa) na mesquita. Ele foi logo afastado da Academia, mas esta tinha outros agravantes. Uma delas era a média de oito horas de aula de Alcorão e apenas duas de alemão por semana. Isto não fazia parte das tarefas de ensino suplementar, nem contribuía para a integração dos alunos na Alemanha.

Homens de Bin Laden

- Nas últimas semanas, a imprensa alemã levantou suspeitas de que a Academia fosse um ponto de atração de radicais islâmicos, de "homens de Bin Laden". Políticos reagiram exigindo o fechamento da escola e, quando os jornalistas aguardavam isto, veio a notícia do acordo sobre mudanças para permitir a continuação do seu funcionamento. Entre as condições, destaca-se a criação de um comitê alemão e árabe para controlar as atividades da Academia.

Os professores terão que se ater às suas tarefas originais de cumprir o plano de aula obrigatório da Alemanha, o que significa aula suficiente de alemão e não de Alcorão. Além disso, os alunos terão que freqüentar também as escolas alemãs.