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Africanos adotam europeus solitários

rw8 de setembro de 2003

Calor humano é o objeto da "adoção ao contrário", iniciada por uma artista alemã, cujo projeto "Adopted" intermedia jovens carentes de calor humano que buscam padrinhos no Terceiro Mundo.

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Jovem europeu e sua"mãe" africanaFoto: Kay Herschelmann

A adoção de crianças de países pobres, para seu sustento material, é prática comum nas nações ricas, mas o fato de famílias africanas "adotarem" jovens europeus solitários soa um pouco estranho. Não se trata aqui de um apadrinhamento do ponto de vista econômico, mas sim emocional, como explica a fotógrafa Gudrun Widlok, 35 anos, iniciadora do projeto Adopted:

─ Eu tento mediar "substitutos de pais" aos europeus sem contato estreito com suas famílias, carentes do ponto de vista emocional. Pessoas que já resolveram a vida profissional, mas que vivem sozinhas, recebem assim uma "base familiar", uma fonte de calor humano no exterior, seja na África, Ásia ou América do Sul, onde os laços de família ainda são mais tradicionais.

Fotos que falam

A excêntrica idéia nasceu de forma não menos curiosa, em 1996. Na sua caixinha de correio, Gudrun certa vez recebeu panfletos de propaganda de uma instituição que intermedia "padrinhos" para crianças pobres no Terceiro Mundo. Por brincadeira, colou sua foto ao lado das crianças de olhar melancólico naquele anúncio.

O primeiro passo foi um projeto com fotos de europeus jovens que vivem sozinhos e já foram objeto de várias exposições. "O curioso é que muitos interessados começaram a me perguntar se isso era realmente executável. A partir daí organizei um banco de dados de pessoas em busca de padrinhos", explica a iniciadora do projeto Adopted.

Kunstprojekt ADOPTED von Gudrun f. Widlok, einsame Europäer suchen die Geborgenheit einer Familie in der Dritten Welt wie in Afrika
Gudrun WidlokFoto: Kay Herschelmann

O contato com a África deu-se por mero acaso. De passagem pela Alemanha, um turista de Burkina Faso ficou fascinado com a idéia e, conversando com Gudrun Widlok (foto), resolveu organizar uma exposição em seu país.

Intercâmbio cultural e humano

O primeiro passo do contato entre europeus e "pais adotivos" se dá com a troca de endereços. A experiência demonstrou que podem seguir-se telefonemas, cartas e até viagens.

Até agora, a agência alemã, que já abriu várias filiais pelo mundo, mediou com sucesso o apadrinhamento de 30 jovens. Outros 80 continuam na lista de interessados. A responsável pela iniciativa tenta explicar o fenômeno:

─ Estou mesmo surpresa com nosso êxito. Isso confirma meu propósito inicial de ajudar os europeus que se sentem perdidos na sociedade moderna e buscam no exterior um intercâmbio humano e cultural. Por outro lado, vejo confirmada minha tese de que os africanos também têm um grande anseio por intercâmbio e a comunicação.