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"Alemães não serão envolvidos numa guerra"

Neusa Soliz15 de dezembro de 2002

O ministro da Defesa, Peter Struck visitou unidades das Forças Armadas alemãs no Exterior, afirmando que as unidades da marinha alemã no Chifre da África não serão envolvidas numa eventual guerra contra o Iraque.

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Ministro alemão Peter Struck e militaresFoto: AP

O trabalho dos inspetores de armas das Nações Unidas no Iraque provavelmente terá o apoio dos mísseis alemães de reconhecimento do tipo LUNA (sem tripulação). O ministério da Defesa em Berlim confirmou um pedido da ONU nesse sentido. Para o manejo dos mísseis seriam necessários 40 soldados que, porém, participariam da missão da ONU como civis. Neste domingo (15) chegaram mais 20 inspetores no Iraque, totalizando 113. Segundo um artigo do jornal Die Welt, os Estados Unidos esperam mais apoio das Forças Armadas alemãs para uma possível guerra contra o Iraque, além dos aviões de reconhecimento do tipo AWACS, o que não foi confirmado pelo ministério.

O caso dos AWACS, que a Alemanha teria que fornecer como membro da OTAN e o apoio a uma virtual guerra contra o país que está na mira de Washington provocaram uma grande polêmica na Alemanha, em parte devido à participação do Partido Verde, com uma forte ala pacifista, na coalizão de governo em Berlim, juntamente com o Partido Social Democrático (SPD) de Gerhard Schröder.

Possível guerra reativa o movimento pacifista

A discussão não se encerrou nem mesmo com a afirmação taxativa do chanceler federal alemão, de que a Alemanha cumprirá suas obrigações como membro da OTAN, o que inclui vôos dos AWACS com tripulação alemã, se bem que apenas sobre território pertencente aos aliados da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A Turquia, que pertence à OTAN, faz fronteira com o Iraque. O movimento pacifista da Alemanha, por sua vez, está se reorganizando, tendo lançado a campanha "Resist", contra a guerra do Iraque, e realizado as primeiras manifestações neste fim de semana.

O governo alemão faz questão de frisar que uma guerra contra o Iraque não passa de uma hipótese. Que a possibilidade não é tão remota parecem indicar os deslocamentos de tropas e dispositivos militares dos Estados Unidos em direção ao Iraque, bem como em outras regiões do mundo.

Ministro visita unidades da marinha

O apoio a que o Die Welt se refere é de unidades da marinha de países da OTAN, que teriam sido solicitadas pelos Estados Unidos, a fim de escoltar navios norte-americanos que transportassem tropas ou provisões em direção ao Iraque. O ministro alemão da Defesa, Peter Struck, que desde sábado (14) visita soldados alemães no exterior, especialmente unidades da marinha alemã no Golfo de Áden, no Chifre da África, e no Quênia, negou haver recebido qualquer pedido americano e frisou que não há perigo de soldados alemães na região serem envolvidos numa possível guerra contra o Iraque. Struck fez questão de ressaltar que a participação alemã nessa região se dá no contexto da operação antiterrorismo Paz Duradoura.

Após passagem em Djibouti e Mombasa, o ministro da Defesa confirmou que a OTAN cogita deslocar seus navios da parte oriental do Mediterrâneo para o ocidente, próximo ao Estreito de Gibraltar, devido a indícios de atos terroristas. Esses navios foram colocados a serviço do combate ao terrorismo internacional, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

A decisão política ainda não foi tomada, segundo Struck, mas esse deslocamento nada teria a ver com o conflito em relação ao Iraque, nas palavras do ministro.

O semanário inglês The Sunday Telegraph, por sua vez, noticiou, baseado em altas fontes militares, que a Grã-Bretanha enviará navios de sua marinha e soldados de elite à região do Golfo. O porta-aviões "Ark Royal" irá liderar uma frota de seis navios, entre eles um destroyer, uma fragata e um submarino. O envio de cerca de 20 mil soldados deve ser anunciado dentro dos próximos quinze dias.