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Sequestro de alemães

22 de julho de 2007

Aumenta perigo para soldados e civis no Afeganistão antes da decisão do Bundestag sobre prorrogação da missão militar no país. Talibã e Al Qaeda querem enxotar a Bundeswehr através de atentados e seqüestros, diz jornal.

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Soldados alemães realizam patrulha nos arredores de CabulFoto: AP

A indústria do seqüestro, um fenômeno antes só conhecido de países como o Iraque, a Colômbia ou o México, parece tomar conta também do Afeganistão. E a Alemanha, que mantém mais de três mil soldados e cerca de 500 civis no país, está se transformando num dos alvos preferidos pelos criminosos.

A maneira como o grupo radical islâmico Talibã vem explorando o caso dos dois engenheiros raptados na semana passada (um deles, ao que tudo indica, está morto) dá uma nova dimensão a uma série de seqüestros de alemães no exterior nas duas últimas décadas.

Segundo um levantamento da agência de notícias AP, desde 1987, houve pelo menos 13 casos de turistas, funcionários de empresas ou representantes do governo alemão que se tornaram vítimas de seqüestros fora do país.

Exigências políticas

Em vários desses casos, os seqüestradores só queriam uma coisa: o dinheiro do resgate. Mas nos casos mais recentes, começam a predominar os motivos políticos. Os autores do seqüestro da família do ex-vice-ministro das Relações Exteriores, Jürgen Chroborg (raptada em 28 de dezembro de 2005 no Iêmen e solta três dias depois), por exemplo, queriam a libertação de cinco membros de seu clã.

Em 2 de maio passado, dois engenheiros alemães foram soltos no Iraque, após 14 semanas de cativeiro. Os seqüestradores exigiam o fim da cooperação entre Berlim e Bagdá e o fechamento da embaixada alemã na capital iraquiana.

Desde 6 de fevereiro passado, Sinan Krause (filho de Hannelore Krause – ela foi solta há poucos dias–), encontra-se em poder de seqüestradores no Iraque, que exigem o mesmo que o Talibã pediu no caso dos dois engenheiros raptados no Afeganistão: que a Alemanha retire suas tropas do Afeganistão.

Estratégia dupla de Berlim

Bundesaußenminister Frank-Walter Steinmeier
A ordem de Steinmeier é não ceder à pressão de terroristas e seqüestradoresFoto: AP

Até agora, o governo alemão tem tido relativo sucesso, usando uma estratégia dupla: por um lado, insiste em não ceder à chantagem política de terroristas; por outro, procura o contato com os seqüestradores por meio de mediadores.

O caso dos dois engenheiros raptados no Afeganistão é mais complicado, porque o Talibã assumiu a autoria ou pelo menos "instrumentalizou o seqüestro", como disse o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.

Mas apesar das ameaças do Talibã, o governo em Berlim está decidido a continuar participando da operação para combater esse grupo radical islâmico. "Eu vou defender a prorrogação do mandato da Bundeswehr", disse a chanceler federal alemã, Angela Merkel, neste final de semana. "O Afeganistão não deve se transformar num novo centro do terrorismo internacional", acrescentou o presidente do Partido Social Democrata, Kurt Beck.

Exatamente isso é o que parece estar acontecendo, se forem verdadeiras as informações que vêm sendo divulgadas pela imprensa alemã. "A situação no Afeganistão piorou tanto nos últimos meses, que não há mais qualquer região segura com estruturas civis em funcionamento. Não se pode mais descartar que lá se desenvolva uma indústria do seqüestro semelhante à que reina no Iraque, onde criminosos e terroristas trabalham de mão em mão. Estrangeiros ocidentais estão constantemente em perigo, seja por atentados ou possíveis seqüestros", escreve o jornal Wiesbadener Kurier.

Espiões a serviço do Talibã

Jahresrückblick 2007 Mai Trauerfeier für ermordete Bundeswehr-Soldaten in Köln
Luto por soldado da Bundeswehr morto no Afeganistão em maio deste anoFoto: AP

Os serviços secretos ocidentais têm alertado que no Afeganistão funciona uma "indústria do seqüestro cada vez mais perfeita". Em Cabul, o Talibã teria formado uma rede de espiões que observa cada passo dos estrangeiros ocidentais. Na esteira do Talibã também estariam agindo bandos de criminosos, interessados apenas no dinheiro do resgate.

Segundo a empresa de consultoria International Business Risk, de Munique, essa situação é agravada pelo fato de governos e empresas estrangeiras atuantes no Afeganistão economizarem na segurança, contratando mão-de-obra barata e sem formação para esta área.

Os cerca de 40 diplomatas alemães em Cabul já se escondem atrás de muros altos e estão proibidos de fazer suas caminhadas matinais, segundo o jornal Tagesspiegel. "O Talibã e o grupo terrorista Al Qaeda, que acompanham de perto o debate político na Alemanha, querem forçar a retirada da Bundeswehr através de atentados e seqüestros", escreveu o diário neste sábado.

Peritos em segurança advertem que os alemães no Afeganistão terão um verão perigoso. "Antes da decisão do Bundestag sobre a prorrogação da missão militar no país, soldados, formadores de policiais, técnicos civis e funcionários da embaixada estão em perigo", alertou o vice-ministro do Interior, August Hanning, em junho passado. (gh)