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Alemanha x Argentina

30 de junho de 2010

Duelo é um dos mais tradicionais do futebol mundial e já foi final de Copa duas vezes. A Argentina leva a melhor no histórico, mas a Alemanha tem vantagem quando se trata de jogos importantes.

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Alemanha ganhou a Copa de 1990 ao derrotar a ArgentinaFoto: picture-alliance/dpa

O confronto mais recente entre Alemanha e Argentina foi realizado em Munique, no último mês de março, e a equipe de Diego Armando Maradona venceu por 1 a 0 com um gol de Gonzalo Higuaín, numa falha do goleiro Rene Adler. Mas este era mais um amistoso, dos quais a Argentina ganhou seis. Em grandes torneios, ela venceu apenas uma vez (em 1986), empatou duas (incluindo a Copa das Confederações de 2005) e perdeu três.

Berlim, 30 de junho de 2006

A África do Sul parece ser um déjà vu do que aconteceu há quatro anos, quando o caminho dos dois países também se cruzou nas quartas de final.

A partida de 2006 teve tudo o que se espera de um jogo deste nível: drama do princípio ao fim, com a Argentina em vantagem e a Alemanha empatando a apenas 10 minutos do apito final; uma prorrogação que não definiu o vencedor; a loteria dos pênaltis, que o goleiro alemão Jens Lehmann decidiu graças à ajuda de um papelzinho; e uma confusão com graves consequências para os donos da casa.

Jens Lehmann Zettel
Lehmann e seu bilheteFoto: picture alliance / dpa

Mas o personagem daquela tarde de verão foi um pedacinho de papel, uma folha de um bloco de notas de um hotel, que continha a lista dos jogadores que iriam cobrar os pênaltis, com recomendações ao goleiro sobre o que fazer e para onde pular. A ajuda serviu, Lehmann defendeu as cobranças de Roberto Ayala e Esteban Cambiasso, e a Alemanha chegou às semifinais.

Outra cena inesquecível foi a briga entre argentinos e alemães depois da disputa nos pênaltis. Provocados por Tim Borowski, que fez um gesto pedindo silêncio, os argentinos partiram para cima de Per Mertesacker – se confundiram pela semelhança física –, o que provocou um tumulto que teve socos, chutes e empurrões. No fim, quem pagou a conta foi Thorsten Frings, suspenso pela Fifa depois que as imagens da televisão o mostraram dando um "direto de esquerda" em Julio Cruz.

Roma, 8 de julho de 1990

Outro déjà vu do que havia acontecido quatro anos antes, Alemanha e Argentina repetiam a final da Copa do México. Mas desta vez a sorte não acompanhou os sul-americanos, pois os europeus marcaram um gol de pênalti aos 40min do segundo tempo, que lhes daria o título.

Quem conhece a história do lado de dentro, como Paul Breitner e Pierre Littbarski, conta hoje que Lothar Matthäus se aproximou de Andreas Brehme e disse: "vai você, eu não consigo, não me sinto bem, não tenho nervos para isso". Brehme teve e mandou a bola rasteira, no canto direito do goleiro Sergio Goycochea.

Algumas imagens ficam na memória: os dois cartões vermelhos recebidos por jogadores da Argentina (Pedro Monzón e Gustavo Dezzoti); Diego Maradona quase arrastado pelo técnico Carlos Salvador Bilardo ao pódio onde seria entregue a medalha de vice-campeão, chorando copiosamente, com o olhar fixo no troféu que não seria seu, os olhos cheios de lágrimas e a respiração interrompida pelos gemidos; a caminhada solitária de Franz Beckenbauer, o segundo campeão mundial como jogador e técnico da história do futebol (o primeiro foi o brasileiro Mário Zagallo), pelo gramado do Estádio Olímpico de Roma, com as mãos nos bolsos das calças e o olhar fixo no chão, enquanto em suas costas, seu perturbar sua concentração, jogadores e torcedores faziam barulho para comemorar a vitória.

Deutschland gegen Argentinien WM 1986
Rudi Völler marca no final da partida no México em 1986Foto: picture alliance/dpa

Cidade do México, 29 de junho de 1986

Quem se perguntar 'como nascem os clássicos?' encontrará a resposta na dramaturgia encenada no Estádio Azteca sob o impiedoso sol de meio-dia mexicano. Na final da Copa de 1986 se enfrentaram dois times com ideias de futebol opostas, um choque comparável ao de dois trens em alta velocidade, só que um deles conduzido pelo melhor jogador daquela época, e para alguns de todos os tempos, Diego Armando Maradona, um mago com a bola nos pés que descreveu seus rivais alemães como "tanques" e disse em público, ironicamente: "mamãe, venha me ajudar, eu estou com medo, me proteja".

Os argentinos abriram vantagem cedo, já ganhavam por 1 a 0 aos 21min. Passados dez minutos no segundo tempo, a vantagem era de 2 a 0 e tudo parecia decidido. Foi então que a partida adquiriu o caráter de clássico que hoje têm os duelos entre Argentina e Alemanha: Karl-Heinz Rummenigge descontou aos 28min do segundo tempo e o jogo ficou dramático. A apenas nove minutos do fim do tempo regulamentar, Rudi Völler empatou. Tanto no campo quanto na arquibancada, e em todo mundo através da transmissão da televisão, os nervos estavam à flor da pele.

Só uma pessoa parecia manter a calma, a mesma que tinha marcado o segundo gol argentino e tratou de dar um passe genial para seu companheiro Jorge Burruchaga, surpreendendo toda a defesa alemã: Diego Maradona. Na memória deste 3 a 2 para a Argentina se conservam a imagem da consagração de um artista do futebol levantando a Copa do Mundo e o sentimento correto de que a rivalidade entre Argentina e Alemanha não estava escrevendo seu último capítulo.

Flash-Galerie Fußball Duelle Deutschland Argentinien
Uwe Seeler (dir.) enfrenta o argentino Jorge Albrecht em BirminghamFoto: AP

Birmingham, 16 de julho de 1966

A única partida sem gols entre Alemanha e Argentina aconteceu na fase de grupos da Copa da Inglaterra. O duelo, no entanto, entrou para a história como o responsável por que a Fifa, quatro anos mais tarde, introduzisse os cartões amarelo e vermelho. A agressividade física em campo e o número de faltas cometidas foram tamanhos que ficou aberta a discussão sobre se o que, para alguns, era um esporte viril, não seria nada além de pura violência.

Malmö, 8 de junho de 1958

Na Copa da Suécia, argentinos e alemães se enfrentaram pela primeira vez. A vitória por 3 a 1 na fase de grupos foi dos alemães, que chegaram ao torneio como campeões. Desde o início deste confronto, ficou clara a diferença no modo de ver o futebol: enquanto os sul-americanos tentam trabalhar a bola com arte, os europeus fazem valer seu vigor físico.

Autor: Daniel Martínez (tm)

Revisão: Roselaine Wandscheer

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