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Alemanha e Japão combatem desinteresse mútuo

Estelina Farias19 de agosto de 2003

Uma nova geração mais orientada para os EUA está diminuindo os interesses recíprocos teuto-japoneses. Para reverter esta tendência, Junichiro Koizumi acertou em Berlim um intercâmbio de jovens cientistas.

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Gerhard Schröder (direita) e o premier japonês Junichiro KoizumiFoto: AP

As posições antagônicas do Japão e da Alemanha na política mundial não foram o tema principal das conversas do primeiro-ministro japonês com o chanceler federal, Gerhard Schröder, em sua segunda visita a Berlim este ano, mas sim as relações entre os dois povos. Isto porque o interesse recíproco diminui a olhos vistos, segundo queixas de diplomatas e empresários dos dois lados. "Uma nova geração cada vez mais orientada para os Estados Unidos está substituindo a antiga simpatia pela Alemanha", constata o embaixador alemão em Tóquio, Henrik Schmiedelow.

Depois que os japoneses demonstraram durante décadas respeito e admiração pela Alemanha, este está cada vez mais fora de moda no país do sol nascente. Uma pesquisa da maior agência de publicidade do Japão, Dentsu, constatou que a Alemanha é o quarto país europeu no ranking da atração sobre os japoneses, depois da Itália, França e Grã-Bretanha.

Para reverter a tendência de desinteresse, uma campanha sob os auspícios do imperador japonês, Akihito, e do presidente alemão, Johannes Rau, será estreada nos dois países em 2005. O ano vai ser ano dedicado à Alemanha. Os alemães pretendem mostrar os seus fortes tradicionais nos setores cultural e econômico com apresentações no Japão, mas também uma Alemanha jovem. Cogita-se até exportar o festival de música tecno, Loveparade, de Berlim para Tóquio.

Grandes consumidores – No setor econômico, a relações teuto-japonsas vão bem. Os japoneses são grandes consumidores e adoram novidades, independente de quanto custam. Poucas firmas estrangeiras tiram lucro disso com suas exportações. Porém mais de 500 empresas alemãs já atuam no Japão e a maioria com sucesso, não só em termos de faturamento como também de lucro, segundo a Câmara Alemã de Indústria e Comércio em Tóquio.

"Made in Germany" é sinônimo de qualidade para os japoneses. Além das montadoras de veículos, indústrias químicas e de construção de máquinas –os três grandes pilares da presença alemão no Japão –, este mercado é especialmente prometedor para outros dois setores: as firmas alemãs dispõem lá de uma imagem altamente positiva em função de seu know-how nos setores de tecnologia de meio ambiente e de aparelhos médicos.

Divergência e ajuda - As conversas de Schröder com o seu colega japonês, Koizumi foram pontuadas também por posições divergentes na política internacional. Ao contrário da Alemanha que se opôs à guerra no Iraque, o Japão apoiou os Estados Unidos e vai mandar cem soldados, em novembro, para participar da reconstrução do país. Schröder só admite prestar ajuda no âmbito da ONU e a pedido da organização.

Koizumi não pretende pressionar a Alemanha para enviar soldados ao Iraque, como forma de recompensar a ajuda que espera de Berlim como mediador nas conversações com a Coréia do Norte para libertar cidadãos japoneses seqüestrados por esse último bastião stalinista.

Ao lado dos EUA, China, Rússia e dos dois Estados coreanos, o Japão vai participar das conversações que visam acabar, por meios pacíficos, com o programa nuclear da Coréia do Norte. Além disso. Tóquio quer que seja esclarecido o paradeiro dos japoneses seqüestrados pela Coréia do Norte. E a Alemanha pode ajudar nisso, porque mantém relações diplomáticas com o país comunista.

Durante a recente crise entre Alemanha e EUA por causa da oposição alemã à guerra no Iraque, o premier japonês foi citado, com freqüência, como mediador entre Berlim e Washington.