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Alemanha estuda subsolo contra escassez de água

(gf)10 de julho de 2005

Centro de estudos em Berlim pesquisa método que pode melhorar o abastecimento de água potável no planeta e, conseqüentemente, diminuir a escassez que atinge um número cada vez maior de pessoas.

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'Desperdício' não existe no dicionário dos europeusFoto: bilderbox

A Organização das Nações Unidas (ONU), mentora da Década da Água (2005–2015), calcula que 1,1bilhão de pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso à água potável. Segundo a Unicef, esta é também a causa da morte de cerca de quatro mil crianças por dia.

Para aliviar a projeção de um verdadeiro caos provocado pela escassez de água, que atingiria quase a metade da população mundial daqui a duas décadas, pesquisadores alemães e de outros países estão desenvolvendo um sistema que melhore, de forma simples, o abastecimento.

O Centro de Competência da Água (Kompetenzzentrum Wasser), localizado em Berlim, reúne cientistas de todas as partes do mundo que têm como meta apresentar soluções para o problema por intermédio de um estudo específico.

A idéia central é aumentar as reservas de águas subterrâneas, através da infiltração controlada de águas de superfície fluviais ou recicladas. O processo tem a vantagem de descartar a dispendiosa técnica depuradora, por carvão ativo ou filtro UV, já que um simples solo arenoso serve de filtro para purificar a água superficial.

“Para os países pobres, este é um método muito adequado”, argumenta Bodo Weigert, um dos peritos que atua no Kompetenzzentrum Wasser, uma organização sem fins lucrativos e que coordena atividades da Universidade de Berlim e dos institutos de pesquisa do grupo empresarial Berlinwasser.

Os pesquisadores propõem que a água usada ou residual (tratada) não seja enviada imediatamente à canalização e, posteriormente, ao mar. Antes, ela deve ser usada regionalmente para aumentar os lençóis freáticos.

Para os ricos

Trata-se de um método interessante também para países ricos que sofrem com a escassez de água, como a Austrália, os Estados Unidos e a Alemanha, onde chega-se a pagar 1,83 euro por metro cúbico de água – ao contrário dos menos de 0,50 euro cobrados nos EUA, por exemplo.

Entre os ricos, o processo basicamente seria o de reciclagem. O problema, entretanto, é que ainda não chegaram ao fim os estudos sobre a filtragem da água e a eliminação de toxinas por meio das camadas de areia. Parece claro, porém, que certas toxinas são absorvidas pelo solo e destruídas microbiologicamente.

Berlim é modelo

A capital alemã é a cidade em que este método até agora foi pesquisado com maior precisão. Há mais de cem anos, boa parte da água consumida pelos berlinenses resulta da chamada "filtração de margem" biológica dos rios e mares.

Badeschiff Berlin-Treptow
Água é motivo de festa na capitalFoto: dpa

A filtração de margem (ou da costa) é uma forma de aumentar as reservas de água potável, visto que, depois de passarem por várias camadas de areia, as águas superficiais chegam às profundezas com qualidade para o consumo.

“Berlim é um grande exemplo para o mundo”, diz o hidrologista australiano Peter Dillon, ressaltando as vantagens do método, que contempla o desenvolvimento sustentável. Centenas de projetos internacionais em andamento nessa área na capital alemã mostram que o problema global da escassez de água pode ser enfrentado por meio da pesquisa e do intercâmbio internacional de idéias.

No debate sobre o aproveitameto das águas subterrâneas ganha importância também o papel das empresas de abastecimento, organizações ecológicas e entidadas reguladoras, levando em conta assuntos que vão da qualidade da água à proteção do meio ambiente.

Segundo Dillon, para atingir a meta do milênio da ONU de reduzir à metade o número dos que não têm acesso à água potável até 2015, é necessário que cerca de 20% das novas redes de fornecimento sejam abastecidas com águas captadas no subsolo. "Isso significa que 200 milhões de pessoas serão dependentes desse processo", conclui.