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Alemanha: "meios pacíficos ainda não se esgotaram"

mw7 de março de 2003

Relatório de inspetores da ONU atesta melhor cooperação de Bagdá e nenhuma descoberta de armas de extermínio. Governo alemão não vê razão para nova resolução. Oposição quer prazo e ultimato.

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Destruição de mísseis Al Samoud, passo à frente nas inspeçõesFoto: AP

O relatório dos chefes da equipe de inspetores da ONU no Iraque, Hans Blix e Mohammed el Baradei, não mudou as posições dos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Enquanto EUA e Grã-Bretanha reivindicam uma nova resolução condenando Bagdá por falta de colaboração e suposta posse de armas de extermínio, Alemanha, França e Rússia consideraram positiva a evolução do trabalho dos inspetores. A Grã-Bretanha apresentou um projeto de resolução em que concede ao Iraque prazo até o próximo dia 17 para eliminar suas armas de destruição em massa.

"Os progressos dos últimos dias mostraram que temos alternativas eficientes a uma guerra no Iraque", argumentou o ministro do Exterior da Alemanha, Joschka Fischer, o primeiro a se pronunciar após a apresentação do relatório em Nova York. O político verde acrescentou que "os meios pacíficos ainda não estão completamente esgotados" e os riscos de uma guerra são muito altos. "Neste momento, não vemos necessidade de uma segunda resolução", concluiu.

A oposição alemã, que havia saudado o relatório anterior de Blix e Baradei, continua a divergir do governo sobre os desdobramentos. "O trabalho dos inspetores deve prosseguir, mas com metas claras e ultimatos", declarou o deputado Friedbert Pflüger, da União Democrata-Cristã (CDU), em reação ao relatório desta sexta-feira.

Blix: inspeções precisam de alguns meses

Em seu relatório ao Conselho de Segurança, o sueco Hans Blix atestou melhor cooperação do Iraque com a equipe de inspetores da ONU. Ele considerou "um passo significativo" o início, há uma semana, da destruição dos mísseis El Samoud 2. Desde fins de janeiro, a colaboração de Bagdá teria "acelerado". Entretanto, os inspetores precisariam ainda de "meses" para certificar-se de que o Iraque de fato cumpre as exigências internacionais de desarmamento.

Chefwaffeninspektor Hans Blix im UN-Sicherheitsrat
El Baradei e Hans Blix, no Conselho de Segurança, nesta sexta-feira, 7 de marçoFoto: AP

Blix enfatizou que ainda há muitas perguntas sem resposta e não há como prever "quantos pontos de interrogação a cooperação de Bagdá conseguirá retirar". Apesar de a colaboração iraquiana ter aumentado e ser "bem-vinda", "as medidas devem ser avaliadas de forma objetiva". O sueco mostra-se, porém, otimista quanto às chances de os inspetores averiguarem a real quantidade de armas biológicas e químicas destruídas por Bagdá desde 1991.

Uma das novas reivindicações do chefe dos inspetores é ter a possibilidade de entrevistar cientistas iraquianos no exterior. A princípio, Saddam Hussein só havia autorizado conversas sob a presença de um representante do governo. Depois aceitou deixar os homens da ONU a sós com os cientistas, desde que o interrogatório fosse gravado. Mais recentemente, cedeu de novo e, segundo Blix, os inspetores já puderam conversar livremente com dez pesquisadores.

Denúncias dos EUA não comprovadas

Os inspetores das Nações Unidas, segundo o chefe da equipe, não encontraram qualquer prova para as afirmações dos Estados Unidos de que o regime de Saddam Hussein dispõe de laboratórios móveis para produção de armas biológicas. O mesmo valeria para as denúncias de depósitos subterrâneos para armas químicas e biológicas proibidas.

Diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohammed el Baradei relatou que os inspetores igualmente não encontraram até agora nenhum sinal de que o Iraque tenha prosseguido seu programa nuclear. A suposição dos EUA de que tubos de alumínio encomendados por Bagdá serviriam para a produção de armas atômicas seria infundada. Baradei considerou "falsas" as acusações de que o governo iraquiano tentou importar urânio de Niger, um país africano.