1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Alemanha pede extradição de dois generais da ditadura militar argentina

26 de junho de 2002

Filha de um conhecido teólogo, a alemã Elisabeth Käsemann foi executada pela junta militar argentina em 1977. Agora Berlim quer justiça para os seus assassinos.

https://p.dw.com/p/2RmH
A Casa Rosada, sede do governo argentinoFoto: AP

A Alemanha exige que a Argentina entregue dois ex-generais da ditadura militar envolvidos na execução da estudante Elisabeth Käsemann, há 25 anos. Segundo a agência de notícias oficial argentina, Télam, Berlim requereu nesta quarta-feira (26), junto ao juiz federal Rodolfo Canicoba Corral, de Buenos Aires, a prisão e extradição do antigo chefe de polícia Juan Bautista Sasiaiñ e de Pedro Durán Sáenz, encarregado de uma central de tortura.

A Justiça alemã confirmou que Käsemann foi fuzilada em 24 de maio de 1977, num campo militar de Monte Grande, província de Buenos Aires. Como tantas outras vítimas do regime, ela teve a cabeça coberta por um capuz, antes de receber disparos na nuca e nas costas.

Seu assassinato despertou grande atenção na época. Elisabeth era filha de Ernst Käsemann, um importante professor de Teologia. Em março de 1977, fora detida e internada numa caserna de Buenos Aires. Ela foi torturada, a julgar por declarações de uma amiga sua, a inglesa Diana Houston Austin. Levada dois dias mais tarde para o mesmo local, esta chegou a ouvir os gritos da alemã.

Austin foi libertada poucos dias depois, graças à intervenção imediata da embaixada britânica, porém o Ministério alemão do Exterior manteve-se impassível, apesar de repetidos apelos de organizações pelos direitos humanos.

Justiça tardia –

Em outubro passado, a Alemanha já pedira a extradição do também general Guillermo Suárez Mason, considerado o principal responsável pela morte da estudante. O Ministério argentino das Relações Exteriores indeferiu o requerimento, porém ainda está sendo aguardada a decisão final do Supremo Tribunal quanto ao destino do ex-militar.

Assim como Mason, Sasiaiñ já se encontra em prisão domiciliar na Argentina. Ambos respondem a inquérito pelo seqüestro de bebês, filhos de presas políticas, nascidos em cativeiro. Mais tarde, as mães "desapareceram". Calcula-se que 30 mil pessoas tiveram destino semelhante durante o regime militar que dominou aquele país sul-americano de 1976 a 1983. Parentes de Elisabeth iniciaram o atual inquérito, com o apoio do grupo pelos direitos humanos "Coalizão contra a impunidade", sediado em Nurembergue. (av)