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Alemanha presta última homenagem a Weizsäcker

Naomi Conrad (ls)11 de fevereiro de 2015

Com a presença do alto escalão da política do país, cerimônia em Berlim marca despedida ao ex-presidente, que ocupou o cargo entre 1984 e 1994 e participou da Reunificação.

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Gauck diante do caixão do ex-presidente Weizsäcker, na Catedral de BerlimFoto: Reuters/M. Schreiber

Do lado de fora, um fluxo constante de turistas passa por detrás dos cordões de policiais e de seguranças que isolam a Catedral de Berlim. Dentro da luxuosa igreja, cerca de 1.400 pessoas, entre elas políticos do alto escalão, prestam as últimas homenagens ao ex-presidente alemão Richard von Weizsäcker, morto no último dia 31 de janeiro, aos 94 anos.

Próximo ao caixão, coberto com a bandeira alemã, o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, afirmou que Weizsäcker foi um chefe de Estado excepcional, um democrata por convicção, moldado por suas próprias experiências na Segunda Guerra Mundial.

A base para a carreira do político foi estabelecida já na sua infância. Nascido em 15 de abril de 1920 em Stuttgart, Richard Freiherr von Weizsäcker cresceu numa família de diplomatas. Entre 1938 e 1943, o pai, Ernst von Weizsäcker, foi secretário adjunto no Ministério do Exterior de Hitler. Depois, até o fim da guerra, foi diplomata na Santa Sé.

Após uma educação excelente em vários países da Europa, Richard von Weizsäcker prestou serviço militar, tendo sido capitão da Wehrmacht (Forças Armadas do Terceiro Reich).

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele testemunhou a morte de um de seus irmãos, um evento que o marcou profundamente. Weizsäcker, lembrou nesta quarta Antje Vollmer, ex-presidente do Bundestag, conheceu pessoalmente muitos dos jovens aristocratas que, sem sucesso, tentaram assassinar Hitler e acabaram executados.

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O presidente Joachim Gauck (primeiro à direita) de braços dados à viúva Marianne von WeizsäckerFoto: Reuters/H. Hanschke

Importância na Reunificação

Após a guerra, ele estudou Direito e história. Ainda estudante, trabalhou como assistente para o advogado que defendeu o seu pai nos julgamentos de Nurembergue. Ernst von Weizsäcker foi condenado a sete anos de prisão. O filho foi marcado pela crueldade e pela rápida queda do regime nazista.

Vivências como essas se refletiram em seu discurso histórico de 1985, lembrado por políticos nesta quarta-feira em Berlim. Weizsäcker, disse Gauck, foi um "grande presidente que disse e fez a coisa certa".

"O 8 de maio foi um dia de libertação do sistema desumano da tirania nacional-socialista", afirmou Weizsäcker na época, uma frase que marcou sua carreira política.

Weizsäcker se filiou à União Democrata Cristã (CDU) em 1954, e era ativo na política e na Igreja Evangélica. Foi eleito deputado em 1969 e exerceu o cargo de prefeito de Berlim Ocidental entre 1981 e 1984, quando chegou à Presidência. Como chefe de Estado, permaneceu até 1994, desempenhando papel importante no período da queda do Muro e, mais tarde, na Reunificação.

Segundo o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, que compareceu à cerimônia, Weizsäcker não foi apenas um homem que defendeu a reconciliação: o ex-presidente, afirmou, construiu ativamente confiança entre os vizinhos e ex-inimigos da Alemanha, como França e Polônia.

"Ele deu ao mundo uma nova confiança em nosso país", disse Steinmeier, lembrando também a importância de Weizsäcker para a Reunificação.

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Foto: Reuters/H. Hanschke

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, por sua vez, lembrou Weizsäcker como uma figura "amável, unificadora e confiável". Para ele, o ex-presidente foi uma grande personalidade, que amava os esportes e não deixava de olhar para os mais necessitados.

Uma cerimônia como a desta quarta-feira é algo extraordinário no país. Uma disposição do Ministério do Interior de 1966 determina que a Alemanha se despeça com uma celebração desse tipo de pessoas que tenham feito uma contribuição especial ao povo alemão.

A princípio, um funeral de Estado também era previsto, mas ele não será realizado por vontade da família. O enterro, após os atos oficiais, foi fechado ao público, num cemitério na região berlinense de Zehlendorf.