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Alemanha quer fortalecer relações com América Latina

Simone de Mello30 de novembro de 2001

Gerhard Schröder visitará o Brasil em fevereiro. O encarregado de política latino-americana no Ministério alemão do Exterior participa dos preparativos para a visita e comenta o papel do Brasil como parceiro alemão.

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A meta da visita de Schröder ao Brasil, em fevereiro, não é apenas impulsionar o avanço das negociações entre Europa e Mercosul, mas também encontrar meios de intensificar as relações entre brasileiros e alemães num nível mais direto, subestatal, em âmbitos como nova economia, ciência e tecnologia.

"Mesmo que isso com certeza não venha a ser regulamentado através de acordos estatais, acredito que os chefes de governo possam sinalizar sua intenção neste sentido", afirmou Georg Boomgaarden, após uma palestra na Embaixada do Brasil em Berlim, nesta quinta-feira (29).

Perspectivas de um triângulo político

No evento co-organizado pela Sociedade Teuto-Brasileira, o encarregado ministerial de política latino-americana enfocou as relações bilaterais com o Brasil dentro do contexto institucional das alianças transnacionais. "Afinal, a política alemã já não pode mais ser concebida independente da política européia."

Uma prioridade maior que a intensificação da bilateralidade parece-lhe o fortalecimento do triângulo transatlântico, cujo peso estratégico aumentou ainda mais depois de 11 de setembro: "Se conseguirmos fechar este triângulo, com base nos valores que temos em comum, poderemos estabelecer um equilíbrio estratégico no sentido de estabilizar a democracia.

Os acontecimentos mais recentes mostram a importância deste equilíbrio." Esta é a meta do 2º Encontro de Cúpula dos chefes de Estado e de governo da União Européia, América Latina e Caribe, a ser realizado em Portugal, de 17 a 18 de maio do próximo ano.

Boomgaarden – que participou da organização do último encontro de cúpula transatlântico, em junho de 1999, no Rio de Janeiro, e das negociações com organizações não-governamentais, na ocasião – define parceria estratégica como "consenso em relação a valores básicos, como democracia, Estado de direito, pluralismo".

Entre teoria e prática, pode haver discrepâncias, mas "o governo brasileiro sabe que há muito a ser feito pelos direitos humanos no país, a fim de corresponder às suas próprias expectativas", afirmou o encarregado de política latino-americana no Ministério alemão das Relações Exteriores.

Timidez da economia bilateral

Se a política externa dificilmente pode ser dissociada de uma ordem estratégica mais ampla, as relações econômicas bilaterais entre Brasil e Alemanha têm parâmetros de medição bastante precisos. E os resultados ainda deixam a desejar.

Boomgaarden admite que os investimentos da Alemanha no Brasil realmente ficaram bem abaixo das expectativas nos últimos anos. Entre 1989 e 1999, os investimentos alemães na América Latina aumentaram pouco mais de 60%, enquanto o crescimento no Leste Europeu chegou a 13.000%. Agora que os países da Europa Oriental estão se preparando para ingressar na União Européia, é de se esperar que as atenções se voltem para a América Latina, prevê Boomgaarden, com otimismo.

Embora a balança comercial bilateral ainda continue desfavorável ao Brasil, Boomgaarden fala de uma redução do déficit no ano passado, um período em que as exportações alemãs para o Brasil chegaram a 4,9 bilhões de euros (+9% em relação a 1999), enquanto as importações de produtos e serviços brasileiros se limitaram a 3,8 bilhões de euros (+17% em relação a 1999).

Para Georg Boomgaarden, a participação da Alemanha no processo brasileiro de privatização foi decepcionante: bem atrás dos líderes EUA (15%), Espanha (12%), Portugal (7%), a Alemanha ficou em 15º lugar, com apenas 0,8% de participação.

No entanto, Boomgaarden mencionou a vantagem qualitativa dos investimentos alemães na América Latina, destacando que eles têm caráter permanente e resistem a crises. Apesar dos baixos investimentos, mais da metade de todo o volume de produção da Alemanha na América Latina e no Caribe, que chega de 55 a 60 bilhões de dólares, é movimentado no Brasil.

O encarregado de política latino-americana do Ministério alemão das Relações Exteriores destacou o interesse do empresariado alemão por maiores investimentos no Brasil, se referindo ao encontro bilateral de economia realizado em novembro, em Curitiba. Boomgaarden acredita no futuro da Iniciativa da Economia Alemã para a América Latina, iniciada durante o governo de Helmut Kohl, destacando – no entanto – a constante necessidade de renovação e adaptação a novas condições.