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Alemanha reformula política energética

Paulo Chagas14 de agosto de 2003

Carvão, gás, vento, sol, água – o governo alemão prepara as bases para uma nova política energética, da era pós-nuclear.

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Termelétrica de carvão no Estado de HessenFoto: AP

Com a decisão de parar de produzir energia atômica, o governo concedeu generosos incentivos fiscais às empresas geradoras, a fim de que estas pudessem acumular reservas a serem usadas na modernização das centrais termelétricas de carvão.

Aproveitando este acúmulo de capital, que atingiu 35 bilhões de euros no final de 2001, as geradoras partiram para uma política agressiva de aquisições no mercado europeu.

Mas a União Européia considera que os incentivos fiscais infringem as regras de livre concorrência. A comissária de Energia da UE, Loyola de Palacios, quer obrigar as geradoras alemãs a repassar essas reservas para um fundo europeu. E aí é que começa a briga.

Pressão contra a UE e o Ministéiro do Meio Ambiente

Acostumadas com os privilégios do antigo monopólio estatal, as quatro maiores geradoras alemãs – Eon, RWE, Vattenfall Europe, Energie Baden-Württemberg AG – querem assegurar que os investimentos na modernização das centrais de carvão sejam de fato lucrativos.

Elas estão pressionando o chanceler federal Gerhard Schröder por dois motivos: primeiramente contra os planos do fundo de reservas da UE e, em segundo lugar, contra o conceito de “energia mista”, defendido pelo ministro do Meio Ambiente, Jürgen Trittin (Partido Verde).

Fiel à tradição ecológica do seu partido, o ministro Trittin pretende aumentar a participação das energias renováveis de 8% para 12,5%, até 2010.

Para atingir este objetivo, seriam construídos gigantescos parques de energia eólica no litoral do Mar do Norte, sistemas de energia solar em áreas rurais e grandes hidroelétricas.

Encontro sem Trittin

Curiosamente, o ministro do Meio Ambiente não foi convidado para o encontro entre o chanceler Schröder e os diretores das grandes geradoras (14/08/ 2003). Quem está presente é o ministro da Economia, Wolfgang Clement (SPD), que pleiteia a expansão do carvão como fonte de energia.

As geradoras, é claro, apoiam a posição de Clement, que respalda os investimentos na modernização das termelétricas.

As centrais de carvão alemãs são tão antigas, que precisam passar por uma reforma nas próximas décadas. É necessário renovar uma capacidade de geração de 40 mil megawatts; os investimentos estão orçados entre 30 e 40 bilhões de euros.

Carvão importado

A extração de carvão mineral na Alemanha cobre apenas 6% da demanda energética. A RAG é a única empresa a explorar esta fonte tradicional de energia, que é subsidiada pelo governo federal com 3,3 bilhões de euros anuais.

O governo já decidiu que a produção anual de carvão nacional será reduzida de 26 para 16 milhões de toneladas, até 2012.

No momento, quase 80% do faturamento da RAG é obtido com a exploração de carvão nos Estados Unidos, Austrália e Venezuela.

Ou seja, se o governo resolver modernizar as centrais termelétricas, quem sairá lucrando são as minas de países como a Polônia, África do Sul e Austrália, principais fornecedores de carvão para a Alemanha.