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Alemanha tem 30 mil milionários e um milhão de crianças pobres

Neusa Soliz13 de dezembro de 2001

Os últimos dados sobre riqueza e pobreza no país foram apresentados em Berlim, durante um simpósio inaugurado pelo presidente alemão, Johannes Rau, para quem é uma vergonha que haja pobreza na Alemanha.

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Ser rico não é crime, mas a existência de pobreza num país industrializado como a Alemanha é "uma vergonha para toda a sociedade", afirmou o presidente alemão, Johannes Rau, ao inaugurar, em Berlim, um simpósio sobre riqueza e pobreza no país. Se hoje se pode tratar objetivamente a questão na Alemanha, isso se deve a um relatório especial, introduzido pelo atual governo social-democrata e verde.

A pobreza na Alemanha não é comparável à da África, Ásia ou América Latina, onde milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia. Mas viver com o mínimo necessário para sobreviver e contar centavos em meio à prosperidade de uma sociedade de consumo não é fácil, principalmente para famílias com crianças.

Um milhão de crianças pobres

- Mas quem são os pobres e os ricos da Alemanha? Aproximadamente 10% da população detêm 50% dos bens, sejam estes propriedades ou dinheiro. São consideradas milionários as 30 mil pessoas que ganham mais de um milhão de marcos ( 1,09 milhão de reais). Ao mesmo tempo, há um milhão de crianças vivendo em famílias que dependem da ajuda social do Estado. Na condição de sem teto estão meio milhão de pessoas, inclusive 100 mil crianças ou menores de idade.

"Não podemos nos queixar da queda da natalidade no país, por um lado e, ao mesmo tempo, admitir que o maior risco de cair na pobreza é se ter filhos. 23% das pessoas que recebem ajuda social do Estado são mulheres que educam sozinhas seus filhos", disse o presidente, acrescentando que isso é um escândalo.

Exclusão e dignidade

- Quem não tem chance de conseguir um apartamento ou não pode consumir, muitas vezes não é considerado um membro pleno da sociedade e é discriminado. A pobreza exclui e por isso tem muito que ver com a dignidade humana ferida. "E quem sabe, por exemplo, que as pessoas consideradas pobres acabam vivendo sete anos menos que as demais?", perguntou.

Os casos de abuso ou recebimento indevido de benefícios sociais não devem ser generalizados a todos os que precisam de ajuda, advertiu Johannes Rau. Ele também se voltou contra afirmações de que, para essas pessoas, não valeria a pena trabalhar por não ser significativa a diferença entre a quantia da ajuda estatal e o que elas receberiam por um trabalho como mão-de-obra não qualificada. Diminuir o montante da ajuda social não é solução, segundo ele, mas sim a criação de novos empregos.

Reformas

- O ministro do Trabalho, Walter Riester, por sua vez, frisou a intenção de reformar o sistema social na próxima legislatura. A meta é estabelecer passos concretos de auto-ajuda, para incentivar quem depende do Estado a superar o círculo vicioso da pobreza. O governo continuará combatendo a pobreza e a exclusão social, afirmou. Riester lembrou que o relatório foi publicado pela primeira vez este ano e que, futuramente, servirá também como referência para comprovar a eficácia das medidas adotadas.