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Alemanha vai receber lixo tóxico causado por catástrofe na Índia

24 de maio de 2012

Há quase 30 anos, vazamento de gases numa fábrica em Bhopal, na Índia, matou milhares de pessoas e causou o pior acidente industrial da história. Local permanece contaminado. Índia quer eliminar lixo tóxico na Alemanha.

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Foto: AP

As consequências da catástrofe ainda ecoam nos dias de hoje. Quando, em 1984, uma fábrica da empresa química norte-americana Union Carbide, em Bhopal, na Índia, deixou vazar para a atmosfera entre 20 e 40 toneladas da substância altamente tóxica isocianato de metila, 3.500 pessoas das favelas próximas morreram imediatamente. Até 2007, mais de 15 mil outras morreram em consequência do desastre, de acordo com o governo indiano. Segundo outras fontes, a cifra real foi o dobro.

Mais de 27 anos após esse acidente devastador, 346 toneladas de resíduos altamente tóxicos ainda contaminam o terreno ao redor da fábrica, que pertence desde 1999 ao grupo norte-americano Dow Chemicals. A eliminação dos resíduos contaminados é difícil. Especialmente a questão sobre o destino para os resíduos provocou um intenso debate na Índia.

O governo do estado indiano de Madhya Pradesh, onde se situa Bhopal, queria enviar os dejetos para a Alemanha. Membros do governo indiano preferem que o lixo seja levado para as centrais de eliminação de resíduos de Pithampur, a 200 quilômetros de Bhopal. No final, a Suprema Corte da Índia determinou que o governo indiano tome rapidamente uma decisão.

Unglück in Indien Bhopal 1984
Pelo menos 15 mil morreram devido a acidente químico de BhopalFoto: AP

Ajuda da GIZ

Um grupo de ministros se disse agora a favor da eliminação do lixo na Alemanha, com auxílio da Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ). Para isso, foram liberadas 97,5 milhões de rupias (1,5 milhão de euros). “Já discutimos com a GIZ sobre o assunto. A eliminação deve começar em breve'', afirma, otimista, Babulal Gaur, secretário do governo estadual de Madhya Pradesh responsável pelas providências relacionadas à catástrofe de Bhopal.

Na Alemanha, há uma indústria crescente de gestão de resíduos. As empresas importam grandes quantidades de resíduos tóxicos de todo o mundo. ''A Alemanha é um dos maiores importadores de lixo tóxico'', observa Sundar Raman, cientista especializada em meio ambiente do Institute of Science Education and Research Bhopal, em entrevista à Deutsche Welle. ''O país tem um grande know-how técnico. Seja baterias chumbo-ácidas ou amianto, tudo é eliminado aqui.''

Alívio para moradores

Ativistas e moradores de Pithampur receberam a decisão do governo indiano com alívio. ''Fico feliz que os resíduos tóxicos sejam eliminados em outro lugar'', diz Pradeep Kumar, do Centro de Proteção Ambiental, Pesquisa e Desenvolvimento. ''Somos contra a eliminação em Pithampur. A instalação ainda não é plenamente operacional, e a tentativa de queimar resíduos tóxicos nela poderia causar uma nova catástrofe."

Muitos moradores de Pithampur também protestaram contra o plano inicial do governo indiano. Eles argumentaram que sua cidade não tem instalações para eliminação de resíduos tóxicos, e que a incineração dos resíduos poderia pôr em risco a saúde de centenas de milhares de pessoas.

Flash - Galerie Indien Union Carbide Fabrik in Bhopal
Fábrica da Union Carbide foi vendida em 1999 à Dow ChemicalsFoto: AP

"É bom que isso não aconteça em Madhya Pradesh'', concorda o ativista Rachna Dhinga. ''Mas as autoridades também devem ter cuidado ao transportar o lixo tóxico de Bhopal para o porto'', ressalva. A GIZ já propôs que o transporte de resíduos tóxicos seja por via aérea, até uma empresa de gestão de resíduos em Hamburgo.

Para as vítimas do acidente e suas famílias, a eliminação dos resíduos tóxicos trará pouco consolo. Milhares continuam à espera de tratamento médico para doenças causadas pelo desastre. E a cada ano ainda ocorrem morte em consequência do acidente.

Autor: Murali Krishnan (md)
Revisão: Augusto Valente