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Alemanices: Na praia com um alemão

Karina Gomes
18 de agosto de 2017

Trocar de roupa na areia e vestir sandálias com meias são alguns dos costumes alemães na praia. Não usar nada também não é problema algum.  

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Em Schönberg, no noroeste da Alemanha, em pleno Mar Báltico e em meio a palmeiras decorativas, está a praia Brasilien
Em Schönberg, no noroeste da Alemanha, em pleno Mar Báltico e em meio a palmeiras decorativas, está a praia BrasilienFoto: picture-alliance/dpa/F. Stratenschulte

Foi uma das primeiras peculiaridades que notei no namorado alemão. "Não gosto de ficar com a roupa de banho molhada", foi a justificativa para se enrolar numa canga, tirar a sunga e vestir os shorts secos no meio da praia, ali na areia mesmo.

Faltava fechar o zíper quando uma italiana veio furiosa na nossa direção numa praia da Sardenha gritando: "Bambini! Bambini! Você não está vendo as crianças?" Ela reclamava desse costume comum na Alemanha e em outros países europeus. Depois do constrangimento, sempre checamos se não há "bambini" por perto quando ele decide se trocar na praia.

Com esse costume não me importo, mas confesso que fiquei incomodada quando vi o alemão de shorts, sandálias e meia preta. É também uma combinação comum para um alemão em férias, seja porque não gostam da sensação da areia nos pés, seja por questões de higiene. No caso dele, foi porque tinha esquecido o tênis e ainda estava frio pela manhã.  

Um Brasil entre a Califórnia e a Colômbia

No Mar Báltico e no Mar do Norte, onde estão as praias alemãs, é até preciso levar um agasalho por causa do vento constante. Apesar da água bem gelada e da ventania, muitos vêm curtir o litoral alemão. Placas enormes indicam todas as regras para os visitantes, como a proibição de construir castelos de areia perto das falésias. A entrada de cães não é permitida, mas há praias específicas para eles – as Hundestrände (praias de cachorro). Lixeiras com saquinhos para recolher as fezes estão espalhadas em pontos estratégicos. 

Para entrar em algumas praias, é preciso pagar uma taxa de dois euros. Para se proteger do vento, basta alugar um Strandkorb (cesto de praia), cadeira de praia coberta que é um símbolo do litoral alemão.

No país da Freikörperkultur (FKK) – a cultura do corpo livre – quase todas as praias têm áreas de nudismo. Não há o risco de alguém gritar desesperadamente pedindo respeito pelos "bambini".

E apesar do clima frio e da ventania, os alemães tentam se lembrar dos trópicos. Em Schönberg, no noroeste da Alemanha, em pleno Mar Báltico e em meio a palmeiras decorativas, está a praia Brasilien (Brasil, em alemão).

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há quatro anos na Alemanha.