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"Aliança" fracassa e não acerta medidas contra desemprego

Neusa Soliz25 de janeiro de 2002

Fracassaram as conversações da "Aliança para o Trabalho", entre o governo, o empresariado e os sindicatos. Os representantes dos diversos setores limitaram-se a reafirmar as respectivas posições, já bastante conhecidas.

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O presidente da DGB, Dieter Schulte, recusou-se a tratar de negociações salariaisFoto: AP

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, tinha aberto o oitavo encontro da "Aliança para o Trabalho", na manhã desta sexta-feira (25), na Chancelaria Federal em Berlim, com um apelo indireto aos sindicatos, para que sejam moderados nas negociações salariais. "Todos nós sabemos que há uma ligação entre o resultado das negociações salariais e o desenvolvimento do nível de emprego no mercado de trabalho", disse Schröder na reunião, da qual participaram ministros, líderes sindicais e representantes das entidades patronais.

No entanto, não houve acordo sobre as negociações salariais, tema que os empresários insistiram em colocar na ordem do dia, apesar da resistência da Confederação Sindical Alemã (DGB), que prefere deixá-las por conta dos sindicatos. O presidente da Federação dos Empregadores Alemães, Dieter Hundt, mostrou-se decepcionado. Uma nova reunião, antes das eleições parlamentares em 22 de setembro deverá avaliar os efeitos das negociações salariais, que provavelmente estarão concluídas na época.

Gerhard Schröder: mediador por interesse próprio

O encontro ocorreu na Chancelaria Federal, atendendo a um convite de Schröder que pretendeu por fim à longa pausa de quase um ano da "Aliança para o Trabalho", uma iniciativa criada pelo seu antecessor Helmut Kohl e reativada por Schröder em 1998, logo após assumir o governo, com o objetivo de concentrar os esforços no combate ao desemprego. Presidente do Partido Social Democrático, tradicionalmente ligado ao movimento sindical, Gerhard Schröder pretendia reduzir drasticamente o número de desempregados até o final de sua gestão.

Após bons resultados de sua política nos primeiros anos, o desemprego voltou a aumentar. Nesta sexta-feira, ele admitiu que, neste inverno, o número de pessoas sem trabalho deverá "superar claramente" a marca dos 4 milhões. O chanceler conta com um crescimento econômico de 0,75% este ano, após 0,6% em 2001.

Apelos e controvérsias

Os sindicatos e os empregadores teriam que "afinar rapidamente suas expectativas", sem que possíveis greves venham a destruir os primeiros indícios de recuperação da conjuntura econômica. Schröder considerou legítimo o interesse dos trabalhadores por aumentos, mas indicou que a situação econômica mudou drasticamente. Aos empresários apelou para que comuniquem, de fato, todas as vagas e exigências de qualificação às delegacias do trabalho que, na Alemanha, funcionam como agências de emprego e registro dos desempregados. Apelou também para que reduzam o número de horas-extras exigidas aos empregados e, em vez disso, criem novos empregos.

Em ano de eleições, o empenho de Gerhard Schröder para salvar a "Aliança para o Trabalho" é compreensível. Para não se sair mal na avaliação da sua política ocupacional, o chanceler precisa de resultados e do apoio sindical. O alto nível salarial e dos encargos sociais do trabalho no país são vistos pelos empresários como um dos grandes obstáculos a maiores investimentos no país.