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Alta do petróleo gera corrida à energia solar

Geraldo Hoffmann10 de outubro de 2005

Valorização das ações de empresas do setor de energias renováveis lembra boom da Nova Economia. Fundos de desenvolvimento sustentado estão em moda.

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Células solares produzidas pela Q-Cells: ações cobiçadas na bolsaFoto: Q-Cells

As ações de empresas da área de energia solar provocaram uma verdadeira euforia na Bolsa de Valores de Frankfurt, nas últimas semanas. A ErSol e a Q-Cells estrearam no pregão com altas recordes, aproveitando o medo de uma crise energética, provocado pelos tornados nos EUA e a decorrente alta dos preços do petróleo.

Os papéis da ErSol pularam de 42 para 65 euros no dia de seu lançamento no mercado financeiro (30/09). Cinco dias depois, as ações da Q-Cells, fabricante de células solares, estrearam no pregão de Frankfurt com uma alta de 29% em relação ao seu preço de emissão. A empresa captou 242 milhões de euros num só dia, quase o dobro do que faturou em 2004. Havia 40 vezes mais pedidos do que ações disponíveis.

Duas outras firmas alemãs esperam repetir esse sucesso no pregão: a Sunline AG, de Fürth (perto de Nurembergue) – que vai à bolsa no dia 20 de outubro – e a Solarwatt, de Dresden, que pretende emitir suas ações até o final do ano.

Nova Economia das renováveis?

Os fundos de investimento em desenvolvimento sustentado, também chamados ecofonds, estão em moda. Essa tendência é aquecida pela SolarWorld, de Bonn, uma das empresas líderes do setor no país e que contribuiu decisivamente para que a Alemanha ultrapassasse o Japão e assumisse a liderança mundial no fornecimento de tecnologia e na fabricação de módulos e células solares.

Nesse setor, atuam em todo o mundo mais de cinco mil empresas, das quais 140 produzem células ou centrais solares. Só os fabricantes de células faturaram 1,6 bilhão de euros em 2004, contra 750 milhões de euros no ano anterior.

A corrida às ações de energia solar, no entanto, surpreende os analistas. No momento, o valor das empresas na bolsa ainda é infinitamente superior ao seu faturamento, argumentam. À semelhança do que ocorreu na chamada Nova Economia, os acionistas não parecem interessados nos balanços.

O valor do papéis da SolarWorld, por exemplo, sextuplicou no ano passado. Também os das concorrentes Conergy, Solarparc, Solar Fabrik e Phoenix tiveram fortes altas. "Parece que os bancos perderam o contato com a realidade", diz o jornal Börsenzeitung, especializado em mercado financeiro.

Riscos legais e técnicos

Solarstromkraftwerk in Espenhain
Um total de 33,5 mil módulos solares geram cinco megawatts de energia em Espenhain, perto de LeipzigFoto: AP

A surpresa dos analistas tem ainda um outro motivo: a aliança CDU/CSU ameaça derrubar a lei de incentivos às energias renováveis, se assumir o comando do governo em Berlim. Há também uma queixa no Tribunal Constitucional Federal em Karlsruhe, que pode derrubar a lei, sob o argumento de que o consumidor é forçado a comprar energia superfaturada, apesar dos incentivos estatais.

Tecnicamente, o investimento em energia solar também envolve altos riscos, diante da escassez mundial de silício, matéria-prima para a fabricação de células solares. Sua extração da areia é caríssima. Peritos prevêem que já em 2007 a demanda de silício vai superar a oferta.

Uma euforia semelhante à atual já foi registrada, há alguns anos, no lançamento das primeiras ações do setor de energia eólica, mas um "tornado" arrasou os sonhos de lucros fáceis dos acionistas. Até hoje, os papéis que menos desvalorizaram foram os da Repower (-65%).

Analistas advertem os "fundos verdes" a não apostarem apenas no boom da energia solar e no pânico causado pela alta do petróleo. No momento, essas ações aquecem o mercado, mas quem se expõe demais ao sol pode se queimar.