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Alto representante da ONU fala de "guerra civil" na Síria

Roselaine Wandscheer13 de junho de 2012

Pela primeira vez desde o início dos protestos contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, em março de 2011, um representante do alto escalão das Nações Unidas classificou o conflito no país como "guerra civil".

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Foto: dapd

"Dispomos de relatos confirmados de que não só tanques e artilharia estão em ação, mas também helicópteros", declarou nesta terça-feira (12/06), em Nova York, o subsecretário-geral das Nações Unidas para as Operações de Manutenção da Paz dos "capacetes azuis", Hervé Ladsous.

Ao ser perguntado se a situação na Síria poderia ser caracterizada como guerra civil, o diplomata do primeiro escalão da ONU declarou: "Sim, acho que podemos."

Herve Ladsous
Hervé Ladsous, responsável pelos 'capacetes azuis' da ONUFoto: picture-alliance/Kyodo

Segundo Ladsous, os conflitos se alastram cada vez mais, o governo perdeu o controle de diversas áreas metropolitanas para os rebeldes, e tenta agora recuperar o domínio desses bairros através da violência.

Peso político

Na semana passada, a Cruz Vermelha Internacional explicou que o conflito na Síria poderia ser classificado, parcialmente, como uma guerra civil localizada. Somente quando a organização falar, sem restrições, sobre "um conflito interno armado", isso teria consequências jurídicas com vista às Convenções de Genebra e as subsequentes regras para o respeito ao direito internacional humanitário.

Nesse caso, seria plausível que Assad fosse acusado de crimes de guerra. As declarações do subsecretário-geral da ONU Ladsous não têm implicações jurídicas: seu peso é de natureza política.

Rasmussen contra ação militar

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, pronunciou-se contra uma intervenção militar estrangeira na Síria. Este não seria o "melhor caminho para a Síria", disse Rasmussen nesta quarta-feira na Austrália.

Segundo ele, não há quaisquer planos neste sentido. O dinamarquês condenou as ações das forças de segurança sírias e considerou "escandalosa" a "opressão dos civis". Rasmussen disse não ter dúvidas de que o regime sírio seja responsável pelas violações do direito internacional.

Mas uma guerra civil, "no sentido jurídico", Rasmussen não vê no país. "É claro, no entanto, que a situação na Síria é muito séria e temos visto atos terríveis cometidos pelo regime e pelas forças leais ao governo, e eu condeno veementemente estes atos."

Escalada da violência

Em declaração divulgada na segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou para uma "escalada perigosa" da violência na Síria. Ban mostrou-se preocupado com o emprego de helicópteros em áreas residenciais pelos militares sírios. Ao mesmo tempo, ele responsabilizou a oposição pela crescente brutalidade.

Segundo dados das Nações Unidas, mais de 10 mil pessoas foram mortas nos conflitos na Síria. No início da semana, um relatório publicado anualmente pela ONU inclui a Síria na "lista da vergonha" de países e grupos, que não envolvem crianças em regiões de conflito. Em diversos casos, crianças teriam sido raptadas, torturadas e usadas como "escudo humano" na Síria, disse a ONU.

CA/afp/rtr/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer