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Anti-semita em maus lençóis

Estelina Farias21 de outubro de 2002

O Partido Liberal da Alemanha ameaça expulsar e processar o seu dirigente Jürgen Möllemnn, por causa do duplo erro de fazer campanha eleitoral anti-semita financiada por doações anônimas.

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De olho em votos, Jürgen Möllemann criticou Israel na campanha eleitoralFoto: AP

Nos últimos dias da campanha para a eleição do novo Parlamento alemão (Bundestag) de 22 de setembro, Jürgen Möllemann, presidente e líder do Partido Liberal (FDP) no Estado da Renânia do Norte-Vesfália, e vice-presidente nacional da agrupação, provocou um verdadeiro choque nacional. No país dos responsáveis pelo extermínio de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial, ele distribuiu panfletos nas caixas de correspondências da população renana com críticas à política de linha dura de Israel contra os palestinos.

O deputado, com paixão demonstrada pela prática do pára-quedismo, atraiu para si uma avalanche de críticas em todo o país. Muitos podem ter concordado com o teor de suas críticas à política do premier israelense Ariel Sharon. Mas, pelo menos publicamente, ninguém admitiu o direito de um político alemão fazer propaganda eleitoral com o que possa ser interpretado como anti-semitismo. Möllemann é presidente da Associação Teuto-Árabe.

Problemas cardíacos

Indignada com o prejuízo eleitoral que Möllemann teria causado ao partido, a cúpula liberal exigiu, imediatamente após a eleição, a sua renúncia dos postos de vice-presidente nacional e de presidente e líder no estado renano. Möllemann teria que se posicionar numa convenção extraordinária, logo após a eleição parlamentar de setembro, mas o evento teve que ser adiado no último instante porque ele teve problemas cardíacos.

Até então a acusação era só de anti-semitismo. Nesse meio tempo, veio a público que Möllemann abriu uma conta especial, de forma ilegal, para a campanha eleitoral, e nela se encontravam 840 mil euros. Ele repetiu uma maracutaia cometida anteriormente por social-democratas de Colônia: faccionou doações feitas em dinheiro vivo e não revelou os nomes dos doadores.

A legislação alemã só permite doação de até mil euros e na conta especial de Möllemann havia até donativos de 8 mil euros. Por causa de doações anônimas ao seu partido CDU, o ex-chanceler federal alemão, Helmut Kohl, encerrou sua carreira, em condições melancólicas, depois de amargar grande ostracismo político.

Difamação e incriminação

Sob forte pressão, Möllemann anunciou sua retirada de todos os cargos partidários, por meio de uma carta enviada da ilha Grande Canária, onde está se convalescendo dos problemas cardíacos. Na declaração que mandou distribuir em Düsseldorf, ele acusou a cúpula do FPD, sobretudo o presidente nacional Guido Westerwelle, de tentar difamá-lo, levantando uma série de suspeitas, e incriminá-lo. Mas sobre a acusação de prática financeira ilegal, apenas prometeu se pronunciar depois de sua convalescência de seis semanas na ilha espanhola.

Möllemann comunicou ao partido que, por recomendação médica, tem de se poupar e por isso só deverá prestar esclarecimentos em dezembro. "Quem dirige automóvel, escreve cartas e recebe jornalistas pode muito bem dar informações sobre conta bancária", reagiu o presidente do Partido Liberal, Westerwelle. Na sua opinião, Möllemann "está politicamente liquidado".