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Anti-semitismo e antiamericanismo têm algo em comum?

lk11 de dezembro de 2002

O que têm o anti-semitismo e o antiamericanismo em comum e qual o papel das teorias conspirativas?

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Obra de arte antiamericanaFoto: AP

Organizado por Helmut Dubiel, do Centro de Estudos Europeus da Universidade de Nova York, em cooperação com Dan Diner, do Instituto da História e Cultura Judaica da Universidade de Leipzig, o simpósio deveria tratar inicialmente das relações teuto-judaicas. Diante do atual panorama político internacional, porém, o enfoque se ampliou e desembocou no título dado finalmente ao evento: "Confusão — Questionando anti-semitismo, antiamericanismo e outras formas de conspiração".

Foi uma abordagem abrangente de um tema complexo, que vem determinando o debate global desde 11 de setembro de 2001. Durante dois dias, sociólogos, historiadores e psicólogos buscaram respostas para o porquê de Israel e os Estados Unidos serem atualmente alvos da indignação de todo o mundo. Ou tentaram estabelecer onde fica o limite da crítica à política de um país e onde começa o ressentimento.

Teorias conspirativas de volta —

"O retorno das teorias conspirativas lembra o final do século 19", afirmou Dan Diner, ao abrir a conferência. Para ele, a chave está no final da Guerra Fria. A confusão instalada no mundo depois de 1989 teria favorecido o renascimento do anti-semitismo e do antiamericanismo. "O que há de perigoso nessa mistura é a ligação estabelecida entre metáforas anti-semíticas e o ódio ao hipermodernismo americano", acentuou.

Para o sociólogo nova-iorquino Nathan Glazer existe, porém, uma diferença básica entre o anti-semitismo de outras épocas e o de hoje: a existência de um Estado de Israel, com seus interesses, aliados e inimigos, acrescenta ao anti-semitismo um elemento de reação a esse Estado.

Difícil diagnóstico —

A teoria de que seja corrente no mundo a identificação do judeu cosmopolita com os EUA e que eles sejam transformados em bodes expiatórios da atual crise econômica mundial não foi aceita sem contradição em Nova York. Houve também palestrantes que acentuaram que a acusação de anti-semitismo é utilizada freqüentemente como instrumento para abafar toda e qualquer crítica à política israelense.

O mesmo perigo estaria implícito no debate sobre o antiamericanismo. Não é a cultura que dá origem à rejeição aos EUA e sim o poderio do império americano, afirmou a historiadora Mary Nolan, acentuando ainda que a atitude oscila, dependendo de quem está no governo. Na época de Bill Clinton, lembrou ela, houve um verdadeiro entusiasmo pelos EUA na Europa. A situação mudou com Bush, em função de sua recusa de um consenso e uma atuação multilateral.

Sem conseqüências práticas —

Por mais diversos que tenham sido os enfoques do simpósio nova-iorquino, os participantes não conseguiram chegar a declarações conclusivas. Pelo contrário, o co-organizador Helmut Dubiel confessou ao final do evento estar "talvez mais confuso ainda do que antes". Prova da complexidade do tema e de que o debate a seu respeito deverá prosseguir.