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Festival de Veneza

31 de agosto de 2011

Até 10 de setembro, 23 filmes disputam o Leão de Ouro no 68º Festival de Cinema de Veneza. "Tudo pelo poder", de George Clooney, abre o evento. Produções brasileiras e alemãs também integram o programa.

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23 filmes disputam o Leão de Ouro no 68º Festival de VenezaFoto: picture-alliance/dpa

Kate Winslet, Madonna, Jodie Foster, Colin Firth, Gwyneth Paltrow, Christoph Waltz, Matt Damon, Jude Law, Al Pacino. Todos darão as caras no Lido de Veneza nesta 68ª edição do Festival de Cinema da cidade. O galã George Clooney é outra presença garantida, cujo filme Tudo pelo poder abrirá o evento nesta quarta-feira (31/08).

Filmfestspiele Venedig 2011
Ryan Gosling e George Clooney atuam em 'Tudo pelo poder'Foto: Saeed Adyani

A produção de Clooney retrata uma espécie de guru das relações públicas – interpretado por Ryan Gosling –, que, ao trabalhar para um candidato à presidência, se vê envolvido em um esquema de corrupção contra a sua vontade. Clooney não só escreveu o roteiro e dirigiu o filme, como também representou o papel do governador e candidato à presidência Mike Morris.

Pode-se considerar uma honra para o ator e cineasta norte-americano abrir o evento. Além de ser o mais antigo do mundo, o Festival de Veneza é considerado a alma dos filmes de autor e do próprio cinema. O evento é menos comercial que Cannes, valorizando a arte em si. Akira Kurosawa, Ingmar Bergmann, Michelangelo Antonioni e Paolo Visconti foram descobertos em Veneza, a chamada Serenissima.

Neste ano, 23 produções disputam o Leão de Ouro. Os Estados Unidos dominam o programa, mas a Alemanha e o Brasil também estão representados. Não há diretores alemães, porém, coproduções germânicas fazem parte desta edição.

Brasil em Veneza

Goldener Löwe der Filmfestspiele in Venedig
O Brasil não concorre ao Leão, mas está representado em categorias secundáriasFoto: AP

Bastu é uma senhora de 81 anos que tenta restabelecer a própria vida após a morte do marido no sertão do Brasil. Sua história é narrada no filme Girimunho, dirigido pelos brasileiros Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina. A obra integra a seção Orrizonti (Horizontes) do Festival de Veneza, que, dedicada às novas tendências do cinema mundial, exibe filmes de arte e documentários.

Os personagens do longa-metragem são personagens reais que vivem no município de São Romão, Minas Gerais. "As pessoas que nos inspiraram a fazer esse filme interpretaram elas mesmas. Queremos retratar o sertão de maneira subjetiva e profunda", declararam os diretores à organização do Festival.

Outra presença brasileira é Histórias que só existem quando lembradas, coprodução entre Brasil e França dirigida pela carioca Julia Murat. O longa faz parte da seção independente Giornate degli autori (Venice Days, em inglês), promovida pela Associação Italiana de Cineastas (ANAC, na sigla em italiano) e por cem autores.

"Viajei durante dois meses pelo Vale do Paraíba fazendo entrevistas e acompanhando o dia a dia dos vilarejos que, no século 19, faziam parte da região mais rica do Brasil e agora estão em decadência. Apesar de ter características de documentário, o filme pode ser visto como uma fábula. E uma fábula pode ser apagada, esquecida a qualquer momento, se não for transmitida de geração para geração", diz a diretora na sinopse do filme disponibilizada no site da mostra.

Filmfestspiele Venedig 2011 A Dangerous Method Flash-Galerie
Cena de 'A Dangerous Method', coprodução germano-canadense que disputa o Leão de OuroFoto: Venice Film Festival

Coproduções alemãs 

Sexualidade como força motriz reprimida para todas as ações humanas – assim podem-se resumir as teorias de Siegmund Freud. Desta vez, o diretor canadense David Cronenberg, mestre dos filmes de terror, mergulha de cabeça na história dos heróis da psicanálise. A produção teuto-canadense A Dangerous Method aborda o desentendimento de Freud e seu mais talentoso aluno, Carl Gustav Jung. O jovem manteve relações com uma paciente russa – algo totalmente inaceitável para Freud.

A história foi rodada nas imediações da Universidade de Viena, Áustria, no jardim do Palácio Belvedere e na ruela onde Freud morou. O filme traz no elenco Viggo Mortensen, como Freud, Keira Knightley e Michael Fassbender.

Uma coprodução entre Alemanha, França, Espanha e Polônia também integra o programa do Festival: Carnage, do diretor Roman Polanski. Trata-se de uma adaptação da peça de teatro Le dieu du carnage (Deus da carnificina), da francesa Yasmina Reza – em que atuam Christoph Waltz, Kate Winslet, Jodie Foster e John C. Reilly.

No filme, duas famílias, ambas de boa formação intelectual, enfrentam-se após seus filhos terem brigado no pátio da escola. No momento que deveria ser o de uma conversa civilizada, os pais perdem a compostura e partem para a agressão física.

Também será exibida neste 68º Festival a coprodução entre Alemanha e Inglaterra Dame, König, As, Spion – com Gary Oldman e Colin Firth.

Alemanha no horizonte 

Três produções alemãs estão entre os 24 filmes da seção Orrizonti (Horizontes) do Festival. A primeira delas é o documentário teuto-austríaco Whore's Glory, do diretor Michael Glawogger – que tematiza a prostituição internacional.

Paralelamente, Parabeton, do cineasta experimental alemão Heinz Emigholz, enfoca as cúpulas construídas ao longo dos últimos 2 mil anos. Há ainda o documentário Die Herde des Herrn (O rebanho do senhor), em que o diretor Romuald Karmakars enfoca o papel do Papa.

Filmfestspiele Venedig 2011 Darren Aronofsky
Darren Aronofsky, diretor de 'Black Swan', preside o júri em 2011Foto: AP

Além dos cineastas alemães e brasileiros e de George Clooney, outro norte-americano é destaque no evento. O diretor Darren Aronofsky, cujo bem-sucedido e polêmico Black Swan abriu o Festival de Veneza do ano passado, retorna agora ao Lido como presidente do júri. "É quase impossível julgar um filme. Ele deve tocar-me emocional e intelectualmente", declarou Aronofsky.

Enquanto isso, uma decisão já foi tomada de antemão, antes mesmo do início do Festival que se encerrará em 10 de setembro. O cineasta italiano Marco Bellocchio será homenageado com o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra.

Autoras: Sabine Oelze/Luisa Frey
Revisão: Roselaine Wandscheer