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Após ano de altos e baixos, emergentes devem continuar crescendo

Viktoria Kleber (ca)23 de dezembro de 2013

Primeiro foram os investimentos bilionários, depois veio a fuga de capital. Agora, a estabilidade retorna. Na sequência de um 2013 agitado, tendência de crescimento deve continuar nesses países, segundo analistas.

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Foto: AP

A declaração de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Banco Central americano), diante do Congresso dos EUA em maio fora mais que um comentário marginal. Bernanke disse que o Fed poderia "dar um passo atrás". Os especialistas financeiros souberam imediatamente o que ele queria dizer: o Fed iria desacelerar de forma maciça seu programa de compra de títulos. E nos EUA os juros voltariam a subir. Um comentário como esse feito em Washington pode causar grande alvoroço no resto do mundo.

Principalmente nos países emergentes, os investidores retiraram, em segundos, bilhões em capital. "Eles têm a esperança de que, em casa, voltem a obter um retorno tão alto quanto nos países emergentes – no entanto, com menos riscos", explica Gunnar Strauch, supervisor financeiro no VZ VermögenZentrum, um prestador independente de serviços financeiros, sediado em Düsseldorf.

A fuga de capitais provoca uma reação em cadeia. Quando os investidores retiram seus investimentos, a moeda dos países afetados perde valor, devido à pouca demanda. O real brasileiro, o rublo russo, a rúpia indiana, o rand sul-africano – a cotação de todas essas moedas despencou drasticamente no meio do ano, não conseguindo se recuperar até hoje. Quando o valor de uma moeda cai, as importações do respectivo país ficam mais caras, e a inflação sobe.

Fed Chef - Ben Bernanke
Chefe do Fed, Ben Bernanke, quer frear compras de títulosFoto: Getty Images

Bancos centrais de emergentes tentam segurar capital

"Fluxos de caixa bruscos são perigosos para os países emergentes", alerta Masataka Fujita, chefe do departamento de tendências de investimentos da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês). "Porque os países pouco podem fazer contra flutuações bruscas", frisou Fujita.

Os bancos centrais procuram manter o capital no país, elevando os juros dos títulos públicos ou atraindo investidores com rendimentos mais elevados. Mas isso também tem um impacto sobre as economias emergentes. Esses juros mais altos têm de ser pagos, assim um endividamento favorável como antes não é mais possível. O dinheiro faz falta no orçamento público, não podendo ser mais investido na infraestrutura, em programas sociais e na educação.

Mercados emergentes em expansão

Desde 2008, investimentos em países emergentes são uma tendência. Na época, a crise financeira levou a economia mundial à recessão. Os bancos centrais das nações industrializadas reagiram, baixando as taxas de juros em níveis históricos. Para os caçadores de rendimentos, não havia mais como obter grandes ganhos nos países industrializados, eles então passaram a apostar nos emergentes. Até o momento em que pudessem obter melhores rendimentos nos países industrializados.

Gunnar Strauch, Vermögensberater beim VZ VermögensZentrum
Gunnar Strauch acredita que emergentes irão continuar a crescerFoto: VZ VermögensZentrum

Muitos investidores, que em meados do ano retiraram o seu dinheiro dos países emergentes, agora estão voltando novamente. Os juros nos países industrializados não subiram como esperado. "A situação se acalmou um pouco, mas não muito", disse o especialista Gunnar Strauch, do VZ VermögenZentrum. "Mais para o fim do ano, vimos uma entrada maior de capital nos países emergentes, mas não no mesmo nível de antes."

Enquanto os juros não voltarem a subir de fato nos países industrializados, Gunnar Strauch acredita que outros investidores também irão voltar a aplicar em países emergentes. Embora Bernanke tenha anunciado recentemente que o Fed iria apertar sua frouxa política monetária e reduzir em 10 bilhões de dólares seu programa de compra de papéis do governo e títulos imobiliários, a taxa básica de juros se mantém inalterada. E enquanto ela continuar baixa, os especialistas acreditam que os mercados emergentes continuarão a se recuperar.

FMI rebaixa previsão econômica

Strauch acredita que, apesar da fuga de capitais e da perda de valor das moedas em 2013, a longo prazo, as economias emergentes continuarão a crescer. "Porém, tendências atenuantes voltarão a acontecer, certamente, aqui e ali. O crescimento não vai ser mais tão forte quanto na última década."

Na década passada, o rendimento econômico – o Produto Interno Bruto – dos países emergentes quintuplicou. As previsões para o próximo ano são boas, mas não tão altas. Assim, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento econômico de 5,1% para os emergentes em 2014. Já para os países industrializados, o FMI espera um crescimento de 2%.

Anteriormente, o FMI havia prognosticado um crescimento ainda maior para os emergentes, mas então veio o célebre comentário de Ben Bernanke no Congresso americano. Como reação, o FMI corrigiu para baixo seus prognósticos para os países emergentes em 0,5 ponto percentual.