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Efeito dioxina

18 de janeiro de 2011

A Alemanha tenta responder à altura da extensão da crise alimentar provocada pela dioxina. Ministério e estados querem mais controles e mais transparência para evitar escândalos alimentares.

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Ministra Ilse Aigner sob pressãoFoto: picture alliance/dpa

Enquanto a contaminação de ração animal com dioxina continua ganhando novas dimensões, o governo alemão se esforça para responder com vigor à crise. Esta é uma das maiores crises de contaminação de alimentos no país, depois da doença da vaca louca, que atingiu a Alemanha no fim de 2000.

Em um encontro nesta terça-feira (18/01), a ministra da Agricultura e de Defesa do Consumidor, Ilse Aigner, e os secretários estaduais decidiram-se por um plano de ação para evitar novos escândalos alimentícios. Para isso, devem ser aumentados os controles sobre os fabricantes de rações, e os consumidores deverão ser informados de forma mais clara e direta sobre casos de contaminação de alimentos.

No futuro, casos de violações da lei ou quando limites permitidos forem superados, terão de ser comunicados de forma oficial e imediatamente. Até o momento, muitos controladores não o faziam, temendo reações da indústria. Aigner ressaltou que pretende estimular a competitividade entre os estados alemães para que aperfeiçoem seus controles, e que estes continuarão de alçada estadual.

Autocontrole

Até o momento, segundo a legislação, as próprias empresas do setor são obrigadas a fazer seu controle de qualidade. Casos de contaminação devem ser comunicados às autoridades. Registros sobre a compra de alimentos e ingredientes, assim como a venda, devem ser documentados, para facilitar a investigação em caso de risco.

Esse sistema de autocontrole, por outro lado, é visto como ponto fraco na Alemanha. Um estudo publicado pela organização FoodWatch apontou diversas falhas desse processo. Acredita-se que alimentação animal tenha sido a fonte da contaminação que atingiu ovos e carne de galinha e de porco na Alemanha em dezembro último.

A mistura dada aos animais recebeu gordura que continha dioxina – suspeita-se que uma empresa fornecedora dos produtores rurais alemães tenha vendido, em vez do óleo alimentício, o óleo de uso industrial.

A presença de dioxina em alta concentração em rações veio a público um pouco antes do Natal, mas, segundo uma investigação do Ministério Público, a empresa fornecedora de rações já sabia do problema desde março de 2010.

As fortes críticas haviam levado Aiger a apresentar na última sexta-feira um documento de resposta ao escândalo da dioxina. A proposta inclui o aumento da penalidade contra quem violar as leis. Até agora, a pena inclui pagamento de multa ou até cinco anos de prisão.

A Federação dos Produtores Rurais na Alemanha defende penas mais duras. "Quem adulterar tem de ser banido do negócio para toda a vida", sugere Gerd Sonnleitner, presidente do órgão.

E entre os consumidores

Apesar de o governo insistir que o caso atual de contaminação não deve provocar efeitos imediatos sobre a saúde, há bastante desconfiança entre os consumidores. Segundo uma pesquisa feita com mil consumidores pela consultoria TNS Emnid e Ketchum Pleon, 44% dos entrevistados disseram ter mudado seu comportamento na hora da compra.

A confiança na qualidade dos produtos alimentícios despencou. Quase 60% dos entrevistados disseram que o atual cenário deteriorou a imagem dos fornecedores do setor alimentício.

E ainda: a maioria dos participantes espera que os responsáveis assumam as consequências dos danos causados pela contaminação, e 91% dizem que o governo precisa controlar com mais rigor a indústria alimentícia.

NP/dpa/dapd/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer